A Independência do Haiti e os efeitos no Brasil

A luta pela independência do Haiti e a abolição da escravidão em meio ao colonialismo foi um grande capítulo da história da América.

A Revolução Haitiana aconteceu entre 1791 e 1804 e foi uma das mais impactantes da história da América. Isso porque foi uma luta pela Independência do país organizada por escravizados negros.

A revolta tem origem no contexto da Revolução Francesa, iniciada em 1789. Naquele momento, as classes dominantes estavam divididas. Era um momento de avanço do capitalismo e que a Burguesia buscava desbancar a nobreza.

Mas para chegar a este momento é preciso voltar ainda mais no tempo. Isso porque os primeiros colonizadores da ilha, que hoje é o Haiti, foram os espanhóis. Eles exploraram a terra em busca de ouro, escravizando os indígenas. Isso dizimou a população nativa, reduzindo-a de quase 1 milhão para cerca de 60 mil. Eles estão passaram e levar africanos para serem escravizados na região. 

Em 1697, a Espanha repassou parte da ilha para a França, exatamente o território que hoje é o Haiti. A região se destaca pelo comércio do açúcar e vê a população saltar para para 536 mil habitantes, sendo que 480 mil eram escravizados. Portanto, 90% da população.

Revolução Francesa e o Haiti

E aí chegamos ao momento da Revolução Francesa. Além do conflito que ocorria na própria França, houve uma propagação dos ideais da mesma, como igualdade, liberdade e fraternidade.

Isso chega até a ilha através do escravo liberto Vicente Ogé. Ele então lidera um levante armado contra a elite branca em 1791. Ogé acaba morto, mas isso serve para insuflar os demais escravizados, que entram no movimento revolucionário de forma massiva.

O novo líder era Toussaint L’Ouverture. Ele havia tido acesso à alfabetização e também conhecimento administrativo. Ele recusa uma proposta de acordo com os senhores brancos, pois sabia que isso era apenas uma forma deles ganharem tempo para esmagar o movimento.

Depois dessa decisão, foram 12 anos de conflito entre a população que era escravizada e a elite branca. Além das forças locais, eles também resistiram aos cerca de 60 mil soldados das forças inglesas e 43 mil soldados do exército francês de Napoleão Bonaparte. 

Em primeiro de janeiro de 1804 então foi Proclamada a Independência do Brasil. A Revolução haitiana também entrava para a história como o maior movimento negro contra a dominação colonial das Americas.

Isso gerou grande repercussão pelo Continente, especialmente no Brasil. A elite brasileira e a monarquia tinham receio de que a onda de revolução chegasse até aqui. Com isso, foi ampliada a vigilância e repressão aos escravizados. Os momentos de confraternização eram reprimidos.

O receio era tanto, que o Príncipe Regente Dom João criou a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, em 1809. Ou seja, cinco anos depois da Independência do Haiti.

Essa que viria ser a Polícia Militar de hoje, tinha estrutura similar ao do exército, mas com função de garantir a “ordem pública”. 

No entanto, quase toda ação policial entre 1810 e 1821 era basicamente relacionada aos escravizados. Milhares de pessoas foram presas por praticarem capoeira, e as punições com espancamentos públicos era frequente.

Outro efeito na América é que o então o Presidente do Haiti, Alexandre Petioni apoiou Simon Bolívar com armas e recursos para libertar as colônias espanholas, com a condição de também liberar os escravizados dessa região.