Um dos capítulos marcantes na história foi a Revolução Francesa. O fato é tão emblemático que marca o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea. Entenda como foi e como isso impacta na política até os dias de hoje.
No século XIII, a França tinha um rei que concentrava todos os poderes. Já a sociedade era dividida entre os que tinham e os que não tinham privilégios, e estavam separados em três estados.
Os três Estados
Em um primeiro Estado estava o Clero, com membros da Igreja Católica. O segundo Estado era a Nobreza e o terceiro estado vinha o restante da população, que representava 98% da população francesa.
Além de maioria, esse grupo era também o único que trabalhava e pagava impostos pesados ao Rei, aos nobres e à Igreja.
Mesmo com uma rotina pesada, os trabalhadores viviam em absoluta pobreza, enquanto a Nobreza e o Clero concentravam a riqueza.
No entanto, no final da década de 1780, a França passa por uma grave crise, fazendo com que a população sofresse com a falta de alimentos.
E isso aconteceu justamente em um período em que novas ideias surgiam pelo Mundo. Era o caso do pensamento iluminista. Ele havia surgido no começo do século XVIII e teve grande influência sobre os intelectuais e a burguesia de toda a Europa.
O iluminismo defendia o humanismo e a razão, com a busca pelo conhecimento científico como fonte para o poder e as decisões da sociedade. Portanto, não havia mais espaço para Rei com poderes absolutos e nem a Religião como justificativa para as estruturas de poder.
Os impostos
Outro capítulo de grande influência para a Revolução Francesa foi a Revolução Americana. O Rei Luis XVI enviou tropas francesas para ajudar na Independência dos Estados Unidos. Isso gerou um prejuízo financeiro, resultando em grandes aumentos de impostos entre 1770 e 1780.
E esses impostos iam principalmente para cima dos camponeses, que produziam trigo, que era a principal fonte de alimentos de quem vivia no interior e nos campos.
Só que o que estava ruim ficou pior com uma crise na produção de trigo, devido a uma grande estiagem que ocorreu na França. A situação gerou um grande estado de miséria entre os trabalhadores da cidade, causando mortes, saqueamentos e conflitos por comida.
É deste período a famosa frase “Se não tem pão, que comam brioches”, que é atribuída à rainha Maria Antonieta, mas que pode nunca ter sido dita de fato. Porém, representava a ideia que a Nobreza tinha daquele caos todo.
Assembleia dos Estados Gerais
Acontece que aquele cenário fez Luís XVI convocar uma Assembléia dos Estados Gerais. A Assembleia foi marcada para 1 de maio e contava com 1200 delegados, sendo metade representando o Terceiro Estado, portanto, os trabalhadores.
Durante a discussão, o principal tema era o aumento de imposto, e Clero e Nobreza queriam que cada Estado tivesse um voto. O terceiro Estado obviamente era contra, pois saberia que perderia por 2 a 1, com Clero e Nobreza votando juntos. Mas não adiantou isso de fato aconteceu, e os camponeses tiveram que sofrer novo aumento de impostos.
Esse fato acabou sendo determinante para acontecer a Revolução Francesa. Isso porque os deputados do Terceiro Estado, após terem as portas do Palácio de Versalhes bloqueadas, se autodeclararam a Assembléia Nacional Constituinte da França.
O exército da Coroa até tentou suprimir a assembléia, mas viu a população parisiense se rebelar contra as forças do Rei e saquearam armas e equipamentos de combate do Hospital dos Inválidos de Paris e partiram em direção a Fortaleza da Bastilha.
Queda da Bastilha
No dia 14 de julho de 1789, a população tomou a prisão, o que ficou conhecido como a queda da Bastilha. A Fortaleza recebia todos os prisioneiros de guerra e pessoas acusadas de crimes contra a monarquia. Era portanto, uma representação do poder absoluto da monarquia.
Pressionando, o Rei aceita a criação da Assembléia Constituinte, que ficaria responsável por criar a Constituição da França. A França passaria a ser uma monarquia constitucional e esse documento ficaria conhecido como Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Essa declaração contava com 17 artigos. Entre eles, estavam a definição dos direitos naturais dos cidadãos, a liberdade de expressão e de crença religiosa, além de delimitar os poderes dos governantes.
Jacobinos e Girondinos
Durante a assembleia, dois grupos começam a se destacar, os Jacobinos e Girondinos. É aí também que surge a ideia de esquerda e direita na política.
Os Girondinos representavam a alta burguesia, formada por empresários e comerciantes. Esse grupo sentava à direita na Assembleia. Já os Jacobinos eram compostos por advogados, médicos e a classe trabalhadora de modo geral, e ficavam á esquerda na Assembleia.
E qual o principal embate entre eles. Os Girondinos defendiam o liberalismo econômico e o fim das isenções de impostos aos nobres. Já os Jacobinos queriam uma revolução mais profunda, com reformas econômicas, mas também política, como o fim da monarquia e a criação de um regime republicano.
Em conjunto a Assembleia ainda decidiu por confiscar e nacionalizar as terras do Clero, que equivale a 20% do território francês na época. A França passava a ser uma monarquia constitucional, portanto, o Rei seguia existindo, mas sem poder de legislar.
Com isso, na noite de 20 de junho de 1791, a família Real Francesa tentou fugir da França para buscar apoio de outros impérios. No entanto, a fuga não funcionou e eles foram enviados novamente para Paris.
Desfecho da Revolução Francesa
Temendo que essa ideia se espalhasse pela Europa, monarcas de outras regiões, como a Prússia começaram a atacar as fronteiras da França. Isso fez com que a população francesa decidisse pelo fim da Monarquia e em 10 de agosto de 1792, revolucionários parisienses tomaram o Palácio das Tulherias, onde vivia a família Real e prenderam Luís XVI e Maria Antonieta, acusados de alta traição.
A Assembléia Nacional então decide pela execução de Luís XVI na guilhotina. A decisão foi apoiada pelos Jacobinos, que buscavam o fortalecimento dos movimentos populares para que uma revolução profunda ocorresse.
O conflito entre os dois lados da política francesa seguiu, e em junho de 1793 alguns deputados girondinos foram presos. Ocorreu então uma Guerra cívil. Com a Lei de Suspeição, os Jacobinos prendiam todos os inimigos da revolução.
Isso gerou uma reação dos grupos conservadores, o que gerou um golpe conhecido como Reação Termidoriana, em 1794. Os Girondinos começaram a reverter as decisões Jacobinas e levou a Robespierre, o principal líder Jacobino à Guilhotina.
Com a tomada do poder, os Girondinos e a alta burguesia elaboraram uma nova Constituição e iniciaram um período autoritário, no qual usaram o exército francês para reprimir o povo. Como a população seguia insatisfeita devido a economia ruim, os Girondinos então passaram a apoiar a implantação de uma Ditadura, com a liderança de uma figura forte. Foi assim que surgiu a figura de napoleão Bonaparte, que tomou o poder em 1799.