Entenda a Reforma Protestante

Um capítulo marcante na relação entre o Estado e a Igreja foi o período da Reforma Protestante. Confira aqui as mudanças na sociedade por causa desse fato.

Durante o período da Idade Média, a Igreja Católica de Roma tinha muitas propriedades, o que significava poder. Além disso, os próprios reis enxergavam no Papa uma autoridade não só religiosa, mas também política. Paralelo a isso, as interpretações da Bíblia tinham um grande poder de controle social nessas regiões.

No entanto, no século X, a Europa passava por diversas transformações sociais, políticas, culturais e econômicas. A cultura renascentista trazia a ideia do homem no centro das coisas, em uma forma de quebrar a grande influência religiosa.

Igreja questionada

Era um momento de muitos questionamentos à Igreja Católica, com muitas críticas a abuso de poder, acúmulo de terras, corrupção e outros desvios. Uma das figuras mais importantes desses questionamentos, que seria conhecida por liderar esse movimento reformista em 1517, foi Martinho Lutero.

Ele era um monge agostiniano e professor de teologia, porém, não concordava com algumas práticas realizadas pela Igreja na época. O principal questionamento era sobre a venda de indulgências, no qual as pessoas ofertavam dinheiro em troca do perdão dos pecados. Sim, as igrejas protestantes surgiram condenando o fato de se vender o perdão, vender o paraíso em troca de dinheiro.

Além do perdão, também eram comercializados cargos eclesiásticos e relíquias sagradas, conhecidas como simonia. No entanto, vale ressaltar que o movimento iniciado por Lutero não tinha como objetivo uma separação da Igreja, mas sim uma reforma interna.

As 95 teses de Lutero

Acontece que isso ocorreu em um período em que os interesses políticos de cada reino ganhavam maior complexidade. Era o processo de formação dos estados nacionais e de centralização do poder. Com isso, em muitos casos, os interesses dos reis já não se encaixavam com os do Papa.

Por conta disso, muitos nobres apoiaram a reforma de Lutero como forma de enfraquecer a Igreja e, desta forma, passarem a ter maior autonomia. Um capítulo importante para esse processo foi a elaboração das 95 teses, uma carta feita por Lutero e enviada em 31 de outubro de 1517 para Alberto de Mainz, arcebispo de Mainz.

A carta teria sido exposta também na igreja do Castelo de Wittenberg, mas faltam evidências que confirmem isso. O fato é que, com o apoio da imprensa, as 95 teses ganharam repercussão.

Novas religiões

A Reforma gerou diversos levantes na Europa, causando guerras, perseguições e também a saída de muitos fiéis da Igreja Católica. Com a Reforma Protestante, três doutrinas da Igreja ganharam destaque: as igrejas luteranas, que seguiam o pensamento de Lutero; as igrejas calvinistas, inspiradas no reformista francês João Calvino; e a igreja anglicana, que nasceu de uma disputa política entre o rei Henrique VIII da Inglaterra e o Papa Clemente VII.

O marco da Reforma foi também o fato de Lutero ter traduzido a Bíblia do latim para o alemão, em 1521. Antes disso, o livro estava disponível apenas em latim, dificultando a leitura da população.

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