Revolução russa

Revolução Russa resumo: o fim do czarismo e o nascimento da URSS

A Revolução Russa foi um dos eventos mais marcantes do século XX. Entenda o contexto histórico, os objetivos e as transformações provocadas com a queda da monarquia russa.

O movimento foi um processo político e social que derrubou a monarquia absolutista do czar Nicolau II em 1917. No entanto, para compreender o porquê disso, é preciso voltar um pouco mais no tempo.

O atraso da Rússia czarista

A Rússia no começo do século XX era considerada “atrasada”. Era majoritariamente rural e os grandes proprietários de terra atrapalhavam qualquer projeto de industrialização e modernização.

O Império era governado pela família Romanov desde 1613. Não existia liberdade de imprensa, a polícia política controlava a educação e os tribunais, e os camponeses viviam em extrema miséria. Mesmo assim, ainda pagavam altos impostos para manter o sistema czarista.

A organização político-social antes da Revolução Russa ainda era do sistema feudal, no qual servos trabalhavam para donos de terra, geralmente ligados à nobreza.

As oposições ao czarismo

Com isso, os operários e camponeses passaram a se organizar cada vez mais. Embora os partidos políticos fossem proibidos, muitos foram criados clandestinamente. Era o caso do Partido Operário Social Democrata Russo, que era inspirado nos ideais marxistas e tinha Lenin como um dos líderes.

Apesar de ambos serem opositores ao Czar, havia uma divisão entre os trabalhadores: os Mencheviques e os Bolcheviques.

Mencheviques x Bolcheviques

Os Mencheviques, palavra russa para “minoria”, liderados por Plekhanov, acreditavam ser possível chegar ao poder de maneira pacífica, por meio de eleições. Defendiam o socialismo, mas de forma gradual, através de reformas.

Já os Bolcheviques, que significa “maioria”, defendiam uma revolução russa armada para tirar o czar do poder e instalar o socialismo na Rússia.

A Revolução de 1905 e o Domingo Sangrento

Em meio a essa disputa, em 1904, a Rússia entrou em guerra com o Japão pelos territórios da China e da Manchúria. Os russos foram derrotados, e o gasto gerado pelo conflito, em meio à pobreza, revoltou ainda mais a população. A Rússia teve que entregar partes do território, como a Coreia.

Isso resultou na Revolução de 1905. O movimento não tinha objetivos claros nem liderança definida e ficou marcado pelo Domingo Sangrento. Neste dia, o padre Gregori Gapone entregaria um abaixo-assinado ao czar, mas foi violentamente reprimido, com o czar ordenando que a guarda atirasse contra os manifestantes.

A monarquia constitucional e a Primeira Guerra Mundial

A tragédia uniu ainda mais a classe trabalhadora. Já a burguesia pressionou pela criação de um parlamento, transformando o Império Russo em uma monarquia constitucional. Esse acordo conteve as revoltas entre 1907 e 1914 e adiou a Revolução Russa.

Acontece que, nesse período, estourou a Primeira Guerra Mundial e a Rússia entrou no conflito. A crise econômica promovida pela guerra gerou nova insatisfação e desencadeou a Revolução de Fevereiro de 1917.

Revolução de Fevereiro e queda do czar

Na ocasião, uma marcha pelo Dia das Mulheres virou um protesto geral, com o povo invadindo o palácio e forçando o czar Nicolau II a renunciar. Isso levou os Mencheviques, apoiados pela burguesia, ao poder. Assim, um governo liberal passou a ser instalado na Rússia, no que ficou conhecido como Revolução Menchevique.

O príncipe Lvov assumiu inicialmente o poder e manteve a Rússia na guerra. Ele foi substituído por Alexander Kerensky, um socialista moderado, também dos Mencheviques. Kerensky tomou medidas como anistia para presos políticos, redução da jornada de trabalho e liberdade de imprensa.

Insatisfação popular e fortalecimento bolchevique

Mesmo assim, a classe trabalhadora permanecia insatisfeita. Os camponeses exigiam terras e os operários queriam melhores salários. Com a crise agravada pela permanência na guerra, os Bolcheviques, liderados por Lenin e Trotsky, começaram a organizar a Guarda Vermelha e os soviets para a Revolução Russa.

Com lemas como “Pão, Paz e Terra” e “Todo o poder aos sovietes”, além da promessa de reforma agrária, os bolcheviques ganharam apoio entre operários e camponeses.

Revolução de Outubro de 1917

Após meses de organização, os Bolcheviques derrubaram o governo Menchevique na Revolução de Outubro de 1917 e criaram o Conselho dos Comissários do Povo. No poder, desapropriaram terras da Igreja, Nobreza e burguesia e entregaram aos camponeses. Bancos e indústrias foram estatizados. Em março de 1918, a Rússia se retirou da Primeira Guerra Mundial.

Guerra Civil e criação da URSS

Internamente, o governo ainda enfrentava forte resistência. Os Mencheviques não aceitaram perder o poder e se aliaram à aristocracia e à antiga família real. Contaram com apoio de Reino Unido, França, Japão e Estados Unidos, que temiam o avanço do socialismo.

Formaram o Exército Branco, que enfrentou o Exército Vermelho bolchevique numa guerra civil que durou três anos, resultando em quase 10 milhões de mortes. A vitória dos bolcheviques na Revolução Russa veio em 1921.

No ano seguinte, em 1922, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), encerrando de vez o antigo regime czarista e dando início à primeira grande experiência socialista da história contemporânea.

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