A História da Paralimpiada

De quatro em quatro anos acontece a Paralimpiada. Mas como surgiu essa ideia? Para isso tem que voltar no tempo. Existem relatos de competições com pessoas com algum tipo de deficiência desde o século XIX, mas foi após a Segunda Guerra Mundial que isso ganhou uma repercussão maior.

E um dos responsáveis por isso foi o médico Sir Ludwig Guttmann. Ele trabalhava no Hospital Stoke Mandeville, onde cuidava de soldados que retornavam da guerra com lesões graves na coluna. Guttmann acreditava no poder do esporte como uma ferramenta de reabilitação. Inicialmente, ele introduziu atividades esportivas de forma recreativa, mas logo percebeu que a competitividade desses soldados poderia ser canalizada de maneira positiva.

Em 1948, Guttmann organizou uma competição de tiro com arco entre veteranos em cadeiras de rodas, coincidindo com a cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres. Foi um momento simbólico, que mostrou ao mundo que o esporte não era exclusivo aos que estavam em plena forma física.

O que começou como um pequeno evento em um hospital britânico logo se expandiu. Em 1952, atletas holandeses se juntaram à competição, marcando o início do caráter internacional do que viria a ser as Paralimpíadas. Essa competição anual passou a ser conhecida como Jogos de Stoke Mandeville.

Roma 1960: O Marco Inicial

A verdadeira virada aconteceu em 1960, quando os Jogos de Stoke Mandeville foram realizados em Roma, simultaneamente às Olimpíadas. Com 400 atletas de 23 países competindo em 57 eventos, essa edição foi reconhecida como a primeira Paralimpíada oficial. Roma 1960 não apenas consolidou o movimento, mas também simbolizou o início de uma nova era para os atletas com deficiência.

Em 1960, 400 atletas de cadeira de rodas de 23 países vieram à capital italiana para competir em 57 eventos de medalhas em oito esportes nos nonos

A Expansão do Movimento Paralímpico

A partir desse marco, o movimento paralímpico cresceu rapidamente. Em 1964, foi criada a Organização Internacional Esportiva para Deficientes (ISOD), que ampliou as oportunidades para atletas com diferentes tipos de deficiência. Com o tempo, outras organizações se uniram, culminando na fundação do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) em 1989, que se tornou o principal órgão regulador dos Jogos Paralímpicos.

Seul 1988: A Consolidação

Um dos momentos mais importantes na história das Paralimpíadas ocorreu em Seul, em 1988. Pela primeira vez, os Jogos Paralímpicos foram realizados nas mesmas instalações dos Jogos Olímpicos, marcando o início de uma tradição que continua até hoje. Esse evento foi crucial para aumentar a visibilidade e a legitimidade dos Jogos Paralímpicos no cenário esportivo global.

Desde a Olimpíada de Seul-1988, na Coreia do Sul, e da Olimpíada de Inverno em Albertville-1992, na França, os Jogos Paraolímpicos são disputados nas mesmas cidades e locais de competição dos Jogos Olímpicos, em acordo com os respectivos Comitês Internacionais.

O Brasil nas Paralimpíadas

O Brasil também tem uma história rica nas Paralimpíadas. A primeira participação brasileira foi em 1972, e a primeira medalha veio em 1976. Desde então, o Brasil se tornou uma potência paralímpica, conquistando inúmeras medalhas e inspirando uma geração de atletas.

Por que o Brasil é uma potência na Paralimpiada

No vídeo de hoje, vamos falar sobre um tema que enche todos os brasileiros de orgulho: como o Brasil se tornou uma potência nas Paralimpíadas. Tudo começa em 1972, quando o país participou do evento pela primeira vez, mas a grande virada acontece em 1995, quando foi criado o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), com a missão de unificar e representar o esporte paralímpico brasileiro, proporcionando a base necessária para que nossos atletas pudessem competir em alto nível.

O Papel Crucial da Lei Agnelo/Piva

Só que um dos marcos mais importantes para o crescimento do esporte paralímpico no Brasil foi a Lei Agnelo/Piva, sancionada em 2001. Essa lei destina 2,7% da arrecadação das Loterias Caixa ao esporte, sendo 37,04% para o CPB. Com esses recursos, o CPB pôde investir em pessoal qualificado, projetos de inclusão, e principalmente na profissionalização do esporte paralímpico.

Os resultados dessa política começaram a aparecer rapidamente. Em Atenas 2004, o Brasil entrou pela primeira vez no Top 15 do quadro de medalhas. Já em Pequim 2008, o país alcançou o Top 10, uma posição que mantemos até hoje. O sucesso nas Paralimpíadas é fruto direto desse investimento contínuo e estratégico.

Um exemplo notável desse investimento é o Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, inaugurado em 2016 em São Paulo. Esse centro de alto nível oferece infraestrutura para 20 modalidades diferentes, sendo fundamental para o preparo dos nossos atletas. Com 95 mil metros quadrados, é um dos maiores e mais completos centros de treinamento do mundo.

Resultados e Expectativas para o Futuro

Os números não mentem: o Brasil é uma verdadeira potência paralímpica.  Em Atenas-2004, o país pela primeira vez figurou no Top 15. Já na edição seguinte, em Pequim-2008, entrou para o Top 10 no quadro geral de medalhas e de lá não mais saiu. Nas duas últimas participações – Rio-2016 e Tóquio-2020 -, cruzou a barreira das 70 medalhas

Nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, os atletas brasileiros igualaram o recorde da Rio 2016, conquistando 72 medalhas, sendo 22 de ouro. Com 280 atletas classificados, o Brasil continua a mostrar sua força e já estamos de olho nas próximas competições, com a expectativa de superar esses números em Paris 2024.