Quem fala que futebol e política não se misturam certamente não entende nem de um nem de outro. Poucos esportes são tão democráticos, permitindo o acesso a tantas pessoas como o futebol. Conheço boa parte dos atletas que acabam sendo de origem pobre, o que faz todo o sentido que clubes e jogadores se posicionem ao lado de lutas sociais. Infelizmente, esse posicionamento não é tão comum, mas lá na Itália existe um clube que nunca tirou o pé dessa dividida: estamos falando do Livorno.
Fundado em 1915 com origem operária, o Livorno tem como principais destaques dentro de campo três conquistas da Série B, em 1935, 1953 e 1987. O clube teve como melhor desempenho na elite na temporada 1942/1943, quando ficou com o vice-campeonato, ficando apenas um ponto atrás do Torino. Mais recentemente, fez uma boa campanha na temporada 2005/2006, quando ficou em sexto. Atualmente, o clube sofre na terceira divisão do futebol italiano.
Times de esquerda: Clubes de futebol e a política
Atividade fora do campo
Mas é fora de campo que temos a melhor atuação do Livorno. O clube sempre bateu de frente contra os fascistas, especialmente contra os torcedores da Lazio. A ligação com as causas sociais ocorreu principalmente a partir de 1943, quando foi fundado o Partido Comunista Italiano, justamente na cidade de Livorno. A partir de então, músicas, bandeiras e faixas passaram a ser adotadas pela torcida como símbolos de resistência contra o fascismo.
Nos estádios, até hoje, são comuns cânticos de resistência como ‘Bella Ciao’ e provocações contra os rivais fascistas. O posicionamento é tão forte que o maior ídolo do clube só poderia ter um pensamento igual: Cristiano Lucarelli. Ele é filho de operários filiados ao partido comunista e cresceu em um bairro pobre de Livorno. Lucarelli teve um início meteórico, chegando a marcar dez gols em dez jogos pela seleção sub-21 da Itália. Porém, em uma comemoração, ele levantou a camisa, mostrando uma ilustração de Che Guevara, e acabou ficando quase dez anos sem ser convocado para a seleção.