Hoje em dia, é comum ver pessoas conservadoras de direita falando sobre equilíbrio fiscal, o governo não fazer dívidas e evitar gastos desnecessários. Muitos desses defensores estão no comando do Brasil atualmente. No entanto, essas mesmas pessoas se orgulham do chamado ‘milagre econômico’ da ditadura militar, um período que não distribuiu renda, endividou o país e realizou obras superfaturadas com construtoras ligadas aos militares.
Crescimento do PIB
Os principais defensores da ditadura militar sempre apontam o milagre econômico, um período em que o PIB brasileiro cresceu a taxas elevadas, chegando a aumentar 14% em 1973. De fato, os dez primeiros anos do regime apresentaram crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, a soma das riquezas produzidas no país. No entanto, poucos mencionam que os dez anos seguintes da ditadura foram muito diferentes, com o crescimento passando longe dessas taxas. E mesmo nos primeiros anos, a história não é tão positiva quanto parece.
A Ditadura e o Futebol no Brasil
É comum argumentarem sem mencionar a opressão do período, mas vamos focar na economia. Por exemplo, pouco se fala que o crescimento econômico favoreceu especialmente os empresários e pouco chegou aos trabalhadores.
A concentração de renda aumentou enormemente, com 82% do crescimento da renda no período concentrado nos 10% mais ricos do país. Isso ocorreu porque uma das medidas dos militares foi congelar os salários. Entre 1964 e 1985, ou seja, durante a ditadura, o salário mínimo caiu 50% em termos reais, considerando a inflação do período.
Além disso, foi um período de facilidade de obter crédito externo, e os militares adotaram a tática de pegar empréstimos para fazer o país crescer. Com isso, o governo militar deixou o Brasil com uma alta conta para pagar. Em 1964, quando tomaram o poder, a dívida do país era de 15,7% do PIB. Em 1984, isso já havia saltado para impressionantes 54%. No último ano dos militares, o país ainda enfrentava uma inflação de mais de 200% ao ano, algo que o Brasil levaria mais nove anos para resolver.
Ditadura Militar e a violência no Brasil que vemos hoje
Corrupção na Ditadura
É comum acreditar até hoje que na ditadura não existia corrupção, mas o próprio Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de espionagem da ditadura, flagrou ministros, agentes e empresários negociando propinas. No entanto, os mecanismos de fiscalização estavam amordaçados, e tanto o Congresso quanto a imprensa eram proibidos de relatar notícias devido à censura. Ainda assim, hoje sabemos de diversos escândalos gigantescos, como o favorecimento de empreiteiras e a declaração da General Electric, que admitiu ter pago comissões a autoridades durante o governo Médici. Isso, segundo alguns relatos, também envolveu muitas outras multinacionais.
Os militares viviam uma vida de luxo. Generais de quatro estrelas possuíam dois carros, três empregados e casas decoradas pelo governo. Generais de duas estrelas que iam para Brasília recebiam 27 mil dólares para mobiliar suas residências. E vale lembrar que, devido à Lei da Anistia, não houve uma investigação profunda sobre os crimes dos militares, incluindo a gestão pública, o que impossibilitou punições e dificultou que mais casos de corrupção fossem descobertos.