Você já dançou quadrilha nas festas juninas? Saiba que, na origem da quadrilha junina, tratava-se de uma dança de festas luxuosas da nobreza europeia. Conheça aqui a origem das quadrilhas e como chegaram ao Brasil.
Das Festas Aristocráticas à Dança Popular
A história das quadrilhas de festa junina começa ainda nos séculos XVIII e XIX. A dança teve origem na França e era chamada de “quadrille”. No entanto, tratava-se de uma adaptação de danças populares da Inglaterra.
Na França, a quadrilha era uma celebração da aristocracia. Na origem, quatro ou oito pares de dançarinos se organizavam em filas, criando coreografias elegantes ao som de instrumentos de orquestra. O nome inclusive vem do quadrado formado pelos pares.
É por essa origem também que muitas das expressões faladas na quadrilha — como anarriê e balancê — são francesas.
A Chegada da Quadrilha ao Brasil
A quadrilha chega ao Brasil com a vinda da Família Real em 1808. Isso porque o país passou a adotar os hábitos das festas da corte, incluindo as danças de salão. A quadrilha logo se tornou moda entre a aristocracia, com presença constante em bailes e festas de elite.
Na época, jornais e cronistas retratavam a quadrilha como a dança elegante do momento, símbolo de refinamento e status social.
A República e o Popularismo da Quadrilha
Com a Proclamação da República, em 1889, as quadrilhas ganharam outro destino. Os republicanos buscavam romper com os símbolos do Império, e as danças aristocráticas foram sendo excluídas das festas urbanas.
No entanto, longe dos centros urbanos, especialmente nas regiões rurais e periféricas, a quadrilha sobreviveu e se reinventou. A falta de controle sobre os costumes do interior permitiu que a dança continuasse viva, agora incorporando novos elementos populares.
A Transformação Brasileira da Quadrilha
Com o tempo, a quadrilha foi tomando forma própria no Brasil. Os instrumentos de orquestra foram substituídos pelo tradicional trio nordestino — triângulo, zabumba e sanfona —, tornando a dança mais animada e acessível.
A partir da década de 1930, o forró passou a ser parte essencial das festas juninas e das quadrilhas, com destaque para artistas como Luiz Gonzaga, que ajudaram a consolidar o estilo.
Os movimentos, antes contidos e elegantes, tornaram-se mais intensos e festivos. Os trajes passaram a representar o ambiente rural, com vestidos coloridos, chapéus de palha e referências ao campo. Elementos da cultura africana também foram incorporados aos passos e ritmos, reforçando a identidade mestiça e popular da dança.
Da França ao Nordeste: Uma Mistura de Culturas
Assim, o que começou como uma dança aristocrática europeia transformou-se, no Brasil, em uma das mais importantes manifestações culturais do povo. A quadrilha junina se tornou símbolo da mistura de culturas — indígena, africana e europeia — que define a identidade brasileira, especialmente no Nordeste, onde as festas juninas se tornaram tradição nacional.
