Vocês já viram aqui sobre os governos de todos os presidentes da República Velha. Agora, vamos falar sobre o voto de cabresto, que foi determinante para que os mesmos chegassem ao poder. Essa prática, infelizmente, dura até os dias de hoje. Vamos entender como foi sua primeira versão no início do século 20 e sua versão moderna.
Origem do Voto de Cabresto
A expressão ‘voto de cabresto‘ surgiu no período da República Velha, representando a força que os grandes fazendeiros exerciam sobre a política. Naquela época, o voto era aberto, e os eleitores levavam um papel com o nome de seu candidato e apenas assinavam. Isso facilitava fraudes, já que os coronéis faziam os papéis e entregavam aos eleitores para depositarem nas urnas. Além disso, eles providenciavam o transporte até os locais de votação, garantindo o controle total sobre o processo.
Poucas pessoas estavam aptas a votar: era necessário ser homem, ter mais de 20 anos e ser alfabetizado. Com o baixo número de eleitores, os coronéis utilizavam de tudo, desde violência até compra de votos, para garantir o poder. Por exemplo, se alguém precisava de um médico ou de uma parteira, o coronel fornecia o recurso, mas a pessoa e toda sua família deveriam votar em quem ele indicasse.
A Constituição de 1932 finalmente instituiu o voto secreto, que só começou a ser usado efetivamente em 1945. Mas, mesmo com a mudança, o cabresto persiste até hoje, através de promessas de emprego, cestas básicas, asfalto nas ruas, e até apoio de líderes religiosos que indicam candidatos.
A História das Eleições no Brasil
Voto de Cabresto moderno
Hoje, há um temor entre as camadas mais pobres de que, se não votarem conforme a indicação, sofrerão consequências. Isso ainda é uma realidade, pois alguns utilizam o poder para ameaçar e intimidar. A Folha de São Paulo mostrou que, nas cidades com até 50 mil eleitores, 81% dos prefeitos eleitos eram apoiados pelos governadores. Em cidades com mais de 100 mil eleitores, esse número cai para 51%.
A prática do voto de cabresto agora envolve ‘novos coronéis’, que podem ser grandes empresários que querem aprovações ou licitações. Um exemplo recente é o dono da Havan, que fez campanha para Jair Bolsonaro e foi acusado de coagir funcionários a apoiar o candidato. Ele tinha uma dívida de R$ 168 milhões com a Receita Federal e o INSS, que está sendo negociada.
Essa prática de coação é comum não só nas eleições presidenciais, mas também nas estaduais e municipais. O voto de cabresto ainda é uma realidade no Brasil, embora tenha mudado de forma ao longo dos anos.