Responsável por perseguir estudiosos das mais variadas áreas, o Tribunal do Santo Ofício foi criado em 1231 pelo Papa Gregório IX. A data, no entanto, é algo mais formal, pois antes da Inquisição existir oficialmente, outros papas já tinham publicado orientações similares.
Inicialmente, as investigações começaram na França, Alemanha e Itália, mas depois ganharam força em Portugal e Espanha, e consequentemente nas colônias. As punições iam desde prisão a até ser queimado na fogueira em praça pública.
Inicialmente, a motivação foi o fato de terem surgido seitas que davam interpretações diferentes das oficiais à Bíblia. Depois a perseguição chegou a filósofos e cientistas famosos, como Giordano Bruno e Galileu Galilei. Entre os crimes estava o fato de defenderem ideias como que a Terra não era o centro do universo. O que era visto como um questionamento a Bíblia.
O Tribunal do Santo Ofício esteve em evidência também após a Reforma Protestante e na formação dos Estados Nações. Exatamente pelo aumento de pessoas contrárias ao domínio e as práticas da Igreja Católica.
Os Judeus também foram perseguidas e tornaram-se cristãos-novos, em grande maioria de maneira forçada.
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Perseguição as mulheres
A inquisição foi uma forma também de Igreja e Estado controlarem as mulheres. Isso porque na Idade Moderna, com o advento do capitalismo e das novas relações de trabalho, era necessário que a população atendesse aos novos interesses.
Na ocasião, mulheres tinham conquistado certa liderança em terras comunais e foram chamadas de “bruxas” pelo conhecimento em ervas medicinais. Paralelo a isso, após a Peste Negra, a Europa precisava ser repovoada e entre esses conhecimentos estava o de métodos contraceptivos. Algo que não era bom para a economia, nem o Estado e nem a Igreja.
Portanto, perseguir mulheres e as colocando as como criminosas eram um recados para que todas as outras não fossem contra o interesse da Igreja.
Entre as mulheres condenadas estava Bridget Bishop, conhecida por ser a primeira das Bruxas de Salém a ser queimada na fogueira. Suas acusações de bruxaria tinham como origem o fato de seus dois primeiros maridos terem morrido e por ela ter um comportamento que desagrava a comunidade local com festas e bebidas. E isso gerou as mais diversas acusações, as quais ela negava.
A Inquisição também foi usada para queimar Joana d’Arc. Ela foi capturada e vendida aos ingleses, que usaram do julgamento para tirar a credibilidade da francesa para tornar a coroação de Carlos VII sem validade. A denúncia passava pelo fato dela usar roupas masculinas e a alegação de que ouvia vozes.
O fim da Inquisição
O declínio das ações da Inquisição ocorre com o surgimento de ideias iluministas no final do século XVIII. Foi um momento de questionamento aos ensinamentos religiosos, o advento da filosofia, e a separação entre Igreja e Estado.
Foi um movimento tão forte que a Igreja Católica não conseguiu mais impedir e teve que realizar contrarreformas para se adequar ao pensamento dominante da época. Isso levou a extinção do Tribunal de forma oficial em 31 de março de 1821.
Não há um número oficial de mortos. Segundo documentos divulgados pelo Vaticano, de 125 mil julgamentos na Espanha, 1,8% dos investigados foram mortos. Já na Alemanha, foram 25 mil mortos. No entanto, se considerados todos os cantos do morto, incluindo populações indígenas, faltam em algo na casa de milhões.
Inquisição no Brasil
A Inquisição também ocorreu no Brasil. Os Governos de Portugal e Espanha usaram justificativas ideológicas, ou seja, religiosas, para justificar a expansão de terras.
Aqui não havia uma estrutura fixa e sim contava com a visitação de um agente oficial do Tribunal do Santo Ofício. A primeira foi em 1591 e ocorreram outras três até o fim do século XVIII.
Desta forma, a maior parte da inquisição no território brasileiro dependia de agentes associados. Ou seja, membros do Clero que colaboravam com o Tribunal. Para participar, precisava comprovar a fé católica e não ter ascendência judaica, muçulmana, indígena ou de pessoas negras, segundo definição do Santo Ofício. Essas pessoas recebiam isenções de impostos e alcançavam cargos importantes na administração colonial.
No Brasil, a Inquisição seguia o movimento econômico. Por isso, teve atuação mais forte em Pernambuco, Paraíba, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pará.
As principais investigações eram relacionadas aos cristãos-novos, judeus convertidos, além de mulheres tidas como bruxas e indígenas. Um dos casos recém-tratados é o de Xica Manicongo, que foi a primeira travesti brasileira, e que também foi perseguida e forçada a usar roupas masculinas.
Ao todo, estima-se que pelo menos 400 brasileiros foram condenados por práticas consideradas contrárias à fé católica.