O Fim da Escala 6×1: O Debate sobre uma Jornada de Trabalho

O debate sobre o fim da escala 6×1 e a busca por uma jornada de trabalho mais equilibrada ganharam força no Brasil em 2024. Isso ocorreu principalmente devido ao estresse mental dos trabalhadores. De acordo com pesquisa da International Stress Management Association (Isma-BR), de 2021, o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout. Ou seja, um esgotamento físico e mental causado por jornadas de trabalho extenuantes. Ainda segundo a pesquisa, 30% dos trabalhadores no país sofrem com esta situação.

Riscos à Saúde Causados pela escala 6×1

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia alertado para os riscos do excesso de trabalho, que pode levar a doenças graves e até mesmo à morte. A escala 6×1, em particular, tem sido alvo de críticas. Essa escala faz com que o trabalhador tenha apenas um dia de descanso após seis dias consecutivos de trabalho. Muitas vezes, esse dia sequer é realmente de descanso. Isso porque acaba sendo utilizado para resolver problemas pessoais, cuidar da casa ou outras demandas que também causam desgaste.

Por conta disso, movimentos sociais e figuras políticas passaram a se mobilizar para promover uma revisão da atual jornada de trabalho. Um dos exemplos é a atuação da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP). Ela anunciou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para revisar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com o objetivo de reduzir a jornada de trabalho.

Movimento Vida Além do Trabalho (VAT)

A proposta da deputada Erika Hilton surgiu em colaboração com o Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado por Rick Azevedo. O movimento VAT defende o fim da escala 6×1 e a adoção de alternativas que promovam um equilíbrio maior entre a vida pessoal e profissional. Entre as propostas está a semana de trabalho de quatro dias.

Estudos recentes apontam para os benefícios dessa redução da jornada. Um levantamento do Instituto DataSenado, realizado em abril de 2024, revelou que 85% dos trabalhadores brasileiros acreditam que teriam uma maior qualidade de vida com um dia livre a mais por semana sem redução salarial. Além disso, a redução da jornada de trabalho também poderia ter impactos positivos na economia, como a criação de novas vagas de emprego.

Experiências Internacionais com o fim da escala 6×1

Experiências internacionais também reforçam a viabilidade dessa mudança, com o fim da escala 6×1. Em países como Alemanha, França e Reino Unido, a jornada de trabalho já foi reduzida sem perda de produtividade. No Reino Unido, por exemplo, empresas que adotaram a semana de trabalho de quatro dias registraram um aumento na receita e mantiveram o modelo após o término do estudo piloto.

História da Jornada de trabalho no Brasil

Já no Brasil, a luta pela limitação da jornada de trabalho tem raízes históricas. No final do século XIX e início do século XX, o país começou a se industrializar, atraindo trabalhadores para fábricas com condições de trabalho precárias. Greves e pressões dos trabalhadores levaram à criação de uma legislação trabalhista e, eventualmente, à redução da jornada de trabalho para 44 horas semanais em 1988.

O debate sobre a jornada de trabalho no Brasil se torna ainda mais relevante quando consideramos que a carga horária no país é maior que a média global. Enquanto a média semanal de horas trabalhadas no Brasil é de 39 horas, países como Alemanha, Dinamarca e Noruega possuem uma jornada semanal que chega a ser cinco horas menor. Esse contraste revela uma desigualdade que impacta significativamente a saúde e o bem-estar dos trabalhadores.

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