A Revolta dos Malês: Islamismo e luta pela liberdade

A Revolta dos Malês foi um movimento realizado por escravos muçulmanos em Salvador, no período regencial, logo após a saída de Dom Pedro I e antes da ascensão de Dom Pedro II ao trono. Nesse período, conhecido por várias revoltas e conflitos no Brasil, a Revolução Farroupilha costuma ser a mais lembrada. No entanto, houve outras revoltas significativas que nem sempre são mencionadas, como a Revolta dos Malês.

Quem eram os Malês?

Em Salvador, na década de 1830, cerca de 160 mil pessoas viviam na cidade, das quais aproximadamente 25 mil eram escravos. Entre esses escravos, havia os Malês, muçulmanos que se destacavam por sua capacidade de ler e escrever em árabe e por sua experiência em combate, algo incomum entre os demais escravos da época.

Motivações e Objetivos da Revolta

Diferente de outras revoltas da época, a Revolta dos Malês não tinha um objetivo separatista, mas sim a busca pela liberdade dos escravos e pela prática do islamismo. Comandados por líderes como Pacífico Licutan, eles planejavam libertar todos os escravos muçulmanos e defensores do islamismo em Salvador. O movimento era também um protesto contra a imposição da fé católica e a proibição das práticas religiosas africanas.

A Revolta

A Revolta dos Malês ocorreu em janeiro de 1835, quando cerca de 600 escravos muçulmanos se rebelaram contra as autoridades. Algumas fontes indicam que o número de participantes pode ter chegado a 1.500. Infelizmente, o movimento foi descoberto antes do ataque, e as autoridades conseguiram se preparar. Durante os confrontos, 71 revoltosos foram mortos e sete militares das forças do governo perderam a vida.

Centenas de participantes foram capturados e punidos com penas variadas, incluindo açoites, deportação para a África, e até condenação à morte. O governo baiano implementou restrições, como a proibição da circulação de africanos em Salvador durante a noite e a prática do islamismo, que foi reprimida de forma ainda mais rígida.

Legado e Importância

Apesar da derrota, a Revolta dos Malês teve um impacto significativo. Historiadores afirmam que o movimento ajudou a aumentar a resistência e a luta pela abolição da escravidão. Esse período também testemunhou o surgimento de novos líderes abolicionistas, como Luís Gama, filho de Luísa Mahin, uma das figuras importantes no movimento, que se tornaria um dos maiores abolicionistas da história do Brasil.

Por outro lado, a revolta também intensificou a perseguição contra outras religiões que não fossem a católica, ampliando a repressão às práticas religiosas africanas.

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