Um termo que tem aparecido pela internet é o da “Cultura Woke”. Algo que se popularizou com produções que passaram a trazer mais personagens negros, mulheres, pessoas LGBT+, entre outros. Mas vamos entender melhor do que se trata e o que está acontecendo.
Origem da Cultura Woke
Primeiramente, é preciso dizer que essa “cultura woke” é algo que vem dos Estados Unidos. O Brasil também tem buscado incluir mais diversidade nas novelas, por exemplo, mas muitas vezes isso não carrega esse nome.
O que causa mais comentários na internet é quando envolve grandes produções da Disney, Marvel ou alguma outra empresa com um número elevado de fãs.
Qual é a polêmica?
Woke vem do verbo “wake”, que significa acordar ou despertar. O termo surgiu na comunidade afro-americana e, na origem, queria dizer “estar alerta para a injustiça racial”.
Ficou popular principalmente durante o movimento Black Lives Matter, criado para denunciar a brutalidade policial contra pessoas afrodescendentes.
Porém, isso depois se espalhou e passou a ser empregado com um significado mais amplo. O Dicionário Oxford, em inglês, por exemplo, passou a indicar woke como “estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo”.
A ampliação do significado
Dessa forma, o termo passou a ser usado para defender temas como a igualdade racial e social, igualdade de gênero e outros. O movimento passou a pedir mais visibilidade para essas pautas, representatividade e também o fim do uso de termos e comportamentos preconceituosos.
As críticas à Cultura Woke
Porém, os críticos da “Cultura Woke” alegam que se trata de um movimento com uma patrulha exagerada, que cria uma política do cancelamento contra quem pensa diferente.
No entanto, em 2019, a Gillette fez uma campanha chamada “O melhor que os homens podem ser”, criticando comportamentos masculinos tóxicos, como machismo, assédio sexual e bullying. E aí, os mesmos críticos da Cultura Woke, que reclamam de cancelamento, fizeram uma campanha para cancelar a Gillette. Com o slogan “Get woke, go broke” (“vire woke, vá à falência”), pediam que os homens não comprassem da marca. Ou seja, no mínimo, contraditório.
Disputa política e polarização
A grande questão é que tudo isso foi contaminado pela disputa política — tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Quando um lado abraça uma causa, o outro a ataca de qualquer maneira. E daí, não existe mais nenhum diálogo.
O ponto é que toda a nossa sociedade foi construída de uma forma e para um grupo específico. Historicamente, a visão de mundo foi feita principalmente para homens, brancos e heterossexuais. Por isso você vê mais heróis homens, brancos e héteros. Por isso, esse grupo é mais representado em posições de poder. E por isso, falas e comportamentos ofensivos a outros grupos foram tolerados e reproduzidos em larga escala.
Representatividade e inclusão
O que este debate propõe — queira você chamá-lo de “Cultura Woke”, movimento negro, movimento LGBT+ ou movimento feminista — é que se dê mais espaço a outras pessoas. Porque elas também precisam ser representadas.
E essa representação só vai acontecer se produtoras consolidadas derem espaço para isso. Ou seja, se a Disney tem 30 princesas brancas, ela pode sim dar espaço para criar 3 princesas negras, 1 chinesa, 1 indígena, por exemplo.
É uma mudança agora, mas as próximas gerações já vão nascer em um contexto em que as representações serão mais próximas de uma distribuição real da população.
Um questionamento necessário
Um questionamento que vale fazer: muitas das pessoas que criticam essa busca por representatividade afirmam que “não veem cor”. Mas se não veem, por que se incomodam tanto quando alguém diferente ganha espaço?
Além disso, não caia nessa ideia de que querem acabar com o espaço das pessoas brancas. Basta acessar o catálogo de qualquer produtora e você verá que, mesmo com todas as mudanças dos últimos anos, a maioria dos filmes, séries e desenhos ainda conta majoritariamente com homens brancos em posição de destaque.