O termo “mulambo” é popular. Você certamente já deve ter escutado por aí, principalmente se você for torcedor de algum clube carioca. Seja porque escutou falarem do seu time assim ou porque é a sua própria torcida que canta esse termo nos estádios.
Talvez quem cante nem saiba a origem e nem o real objetivo por trás. Até porque as palavras, por si só, não carregam preconceito, mas sim o contexto em que são usadas.
O pano que virou ofensa
E é aí que entra o contexto histórico. A palavra “molambo”, com “O”, era o nome dado a um pano que algumas tribos africanas amarravam à cintura. Essa forma de se vestir e o próprio termo chegaram ao Brasil junto com os negros escravizados.
Com o tempo, os senhores de engenho passaram a usar esse nome como uma forma de depreciar e insultar os africanos escravizados. Ou seja, era uma maneira de criticar uma marca cultural dos povos africanos, associando-a a algo inferior.
A evolução da ofensa no pós-abolição
Com o fim da escravidão no Brasil, o uso de termos racistas se intensificou em diversas formas de linguagem cotidiana. O termo passou a ser usado como “mulambo“, com “U”, para insultar pessoas negras, especialmente aquelas consideradas mal vestidas ou em situação de pobreza.
Hoje, ainda que muitos o usem sem saber, o termo continua carregando heranças de uma linguagem racista e classista, reforçando estereótipos contra a população negra e periférica.
Relação com o Flamengo e o mascote Urubu
A origem do mascote do Flamengo, o Urubu, também está ligada ao racismo sofrido pela torcida. Assim como o termo mulambo, o apelido “urubu” começou como uma ofensa feita por rivais, em referência à maioria negra e popular da torcida rubro-negra.
A torcida, no entanto, ressignificou o termo, transformando-o em símbolo de orgulho e resistência. O mesmo ocorre, em certa medida, com o termo “mulambo”, que também foi reapropriado por parte da torcida como uma marca de identidade e pertencimento.