Fordlândia – a cidade abandonada pela Ford

Você conhece a história da cidade da Ford no Brasil. A Fordlândia foi um projeto do começo do século XX que envolveu dinheiro, trapaças e abandono.

Para entender o contexto, o Brasil dominava o mercado da borracha entre 1879 e 1912. Chegou a ser responsável por 95% do produto comercializado no Mundo. 

Só que em 1876, o ladrão britânico, ops, o explorador britânico Henry Wickham 70 mil sementes da preciosa árvore – um dos maiores casos de biopirataria da história mundial. E as plantou nas colônias britânicas. 

Quando começou a produção desses locais, o Brasil perdeu força e passou a atender apenas 2,3% da demanda mundial depois de 1912. 

Os planos de Ford

E neste momento entra em ação Henry Ford, fundador da Ford. Ele tinha um projeto de desenvolver sua própria fonte de borracha, para usar nos pneus e outras peças automotivas. 

O objetivo era não ficar dependente dos europeus e enxergou no Brasil uma possibilidade de garantir isso. Isso porque enquanto nos Estados Unidos, a tentativa de compras de terras gerava especulação e aumento nos preços, aqui no Brasil, o Governo do Pará concedia terras gratuitamente a quem quisesse plantar seringueiras. 

No entanto, ciente do interesse de Henry Ford, o cafeicultor Jorge Dumont Villares se antecipou e adquiriu do governo paraense essas terras e depois vendeu para Ford 1 milhão de hectares por 125 mil dólares. 

Em 1928, a floresta começou a ser derrubada para construção das casas e seringueiras na cidade à beira do Rio Tapajós.. Depois da construção chegaram também os americanos que trabalhariam na administração da empresa. Em seguida chegaram os funcionários brasileiros que ficavam em vilas modestas na cidade. 

Problemas na Fordlândia

No entanto, a relação não era das melhores. A empresa proibia festas e bebidas alcoólicas na cidade, além de práticas trabalhistas diferentes das que os brasileiros estavam acostumados. 

Outro problema é que a empresa não estava preparada para o clima local e não tinha ninguém preparado para as plantações nas condições que existiam na Amazônia. Algo que só foi feito em 1932 depois de terem visto diversas pragas atacando os seringais. 

A chegada do botânico James R. Weir ainda indicou que era ideal na verdade trocar a Fordlândia por Belterra, a 48 quilômetros, que seria melhor para a plantação. Com isso, um novo núcleo urbano foi construído. 

Esse ritmo lento somado ao surgimento de uma borracha sintética fez com que Ford decidisse por abandonar seu projeto no Brasil e vendeu as terras ao governo brasileiro por 250 mil dólares. No entanto, sem qualquer outra forma de sobrevivência, a cidade de Fordlândia acabou abandonada. 

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