E um dos grandes mitos espalhados pela direita é o de que a esquerda defende bandido. A esquerda quer tirar todo mundo da cadeia e por aí vai. Isso aparece especialmente quando acontece algum grande crime e aí rolam as ironias sobre “ser vítima da sociedade”. Aqui eu vou desfazer esse mito com uma explicação e uma comparação simples.
Os direitos humanos
O primeiro caso é o que ocorreu em Sergipe, no final de maio. Na ocasião, Genivaldo de Jesus foi abordado por policiais e, segundo os agentes, ele reagiu de forma agressiva. Segundo os parentes, Genivaldo tinha transtorno mental e foi tratado com extrema violência, sendo assassinado pela polícia que transformou a viatura em uma câmara de gás.
Isso foi registrado em filmagens. Genivaldo é uma vítima da sociedade, mesmo que tivesse sido realmente agressivo e mesmo que não tivesse transtorno, ele não deveria ser tratado de forma tão brutal.
Assim como são vítimas da sociedade aqueles que passaram por uma situação de vulnerabilidade ao longo da vida. Um terço dos presos hoje no Brasil está na cadeia por associação ao tráfico, e a grande maioria foi pega com pouca quantidade de drogas.
Essas pessoas, dentro da cadeia, especialmente por muito tempo, tendem a se envolver ainda mais com o crime e, por isso, esse tipo de prisão deve ser revisto.
Essa situação é totalmente diferente do que vimos neste mês no qual o anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso. Giovanni não se encaixa nesta situação. Ele cometeu um crime gravíssimo e que a esquerda defende a prisão e com penas pesadas.
Porém, como você pode ver, apesar do crime de Giovanni ser extremamente bárbaro e infinitamente mais grave do que a maior agressão que alguém possa ter tido com a polícia, o médico foi tratado com toda a cautela pelos agentes na hora de ser preso, o que também mostra o quanto a polícia é elitista no Brasil.
As diferenças
Portanto, não tem mistério. Essa é a diferença entre a esquerda e a direita quando falamos de crime. Ninguém está defendendo abrir todas as celas e soltar todo mundo. “Vítima da sociedade” é quem teve uma vida de grande vulnerabilidade, viveu em extrema pobreza, conviveu desde sempre com a violência sem sequer conhecer um salário. É alguém que precisa de um olhar mais atento e buscar uma reabilitação.
No entanto, esse indivíduo é tratado pela direita como um grande marginal, e é jogado para dividir a cela com criminosos mais violentos, resultando no que é chamado de “escola do crime”, na qual ele não só não se reabilita, como se envolve ainda mais com a violência.
Já um crime cruel como o caso do médico precisa ser tratado de outra forma, e ele deve ser afastado da sociedade, passando muito tempo na cadeia. Porém, para a direita, ele é tratado com grande respeito.
Como você viu, é óbvio que não defendemos violência em nenhum dos casos. Mas você nunca vai ver um médico branco ou qualquer outro de classe média alta sendo tratado com violência por parte das autoridades, não importa o crime que ele tenha cometido.
Assim como você não vê truculência em prisões de crimes de colarinho branco ou em apreensões de grandes quantidades de armas e drogas em condomínios nobres da cidade. Diferente do que se vê nas favelas todas as semanas no Rio de Janeiro.