Neste artigo vamos falar sobre Agro x Agricultura Familiar. Descubra Quem realmente coloca comida na mesa dos brasileiros.
O Mito do Agro como Fornecedor de Alimentos
Uma das maiores propagandas do agronegócio brasileiro é a ideia de que ele é responsável por alimentar bilhões de pessoas ao redor do mundo. No entanto, essa afirmação não é bem verdade. Embora o agronegócio seja um gigante em termos de produção e exportação, ele não é o responsável por colocar a comida na mesa dos brasileiros.
Na verdade, 70% dos alimentos consumidos no Brasil são produzidos pela agricultura familiar, segundo o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar de 2023. São esses pequenos produtores, que garantem a produção de alimentos como arroz, feijão, frutas e verduras que chegam às nossas mesas todos os dias.
Enquanto isso, o agronegócio se concentra principalmente em commodities como soja e milho, que não são destinados apenas à alimentação humana, e sim muitas das vezes para a produção de ração animal.
Obviamente esse número é muito contestado pelos defensores do agro, mas que para disfarçar tentam trazer focos diferentes, como o número da produção. No entanto, o que está sendo debatido aqui não é quem mais produz e sim o que chega no prato das famílias brasileiras.
Enquanto do Agro tem foco na exportação e na ração animal, os pequenos produtores é que levam em maior quantidade os alimentos para a mesa dos brasileiros.
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Empregos no Campo: Agricultura Familiar x Agronegócio
A agricultura familiar não só alimenta a maioria dos brasileiros como também é a principal responsável por gerar empregos no campo. De acordo com o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar de 2023, 67% das ocupações no meio rural são geradas pela agricultura familiar. Isso é ainda mais impressionante quando consideramos que essa atividade ocupa apenas 23% das áreas agricultáveis do país.
Por outro lado, o agronegócio, com sua produção altamente mecanizada e concentrada em grandes propriedades, gera poucos empregos. Além disso, a concentração de terras em poucas mãos e os incentivos fiscais que o setor recebe acabam contribuindo menos para as receitas municipais e estaduais do que a agricultura familiar.
Impactos da Exportação e Importação de Alimentos
Outro aspecto crítico é o foco do agronegócio na exportação. Embora produza em grande escala, essa produção muitas vezes não atende às necessidades alimentares da população brasileira. Um exemplo disso é a crescente importação de alimentos básicos, como o arroz. Entre 2018 e 2020, as importações de arroz no Brasil aumentaram significativamente, chegando a quase 1 milhão de toneladas em 2020. Isso mostra que, enquanto exportamos commodities, precisamos importar alimentos para suprir a demanda interna.
Ou seja, apesar de termos terras o suficiente para garantir a alimentação dos brasileiros, o foco na exportação faz com que produtos necessários fiquem em segundo plano.
Este episódio não tem como objetivo colocar o Agro como vilão, mas mostrar que também está longe de ser o herói. Além de ressaltar a importância de apoiar os pequenos agricultores, que levam comida para a mesa dos brasileiros. Algo que também poderia ser maior se mais pessoas tivessem acesso à terras que hoje são improdutivas.