Você já ouviu falar da Carta de Manden ou Carta do Mandé? Muito antes da Revolução Francesa ou da Declaração Universal dos Direitos Humanos, reis e líderes africanos já pensavam em justiça, liberdade e igualdade.
O Que Foi a Carta de Manden
Também conhecida como Carta do Mandinga ou Carta de Kurukan Fuga, a Carta de Manden foi uma forma de constituição, estabelecendo direitos, deveres e normas de convivência social do Império do Mali.
A Criação da Carta no Império do Mali
A Carta de Manden foi criada por volta de 1236, no Império do Mali, na África Ocidental. Aconteceu depois que Sundiata Keita retornou à região, derrotou um rei opressor e fundou um império poderoso, unindo doze reinos locais.
Mais do que vencer uma guerra, Sundiata levou paz à região. E para isso criou um código que estabelecia normas para organizar a vida social e política do império, indicando direitos e deveres para os cidadãos.
Os Princípios da Carta
Esse documento estabelecia princípios de justiça, solidariedade, proteção das liberdades individuais e coletivas, além de regras para a convivência pacífica entre as comunidades.
Ao longo dos sete capítulos, apresentava regras sobre educação pessoal, segurança alimentar, abolição da escravidão e inviolabilidade da pessoa humana, entre outros temas.
Um Documento Avançado para Seu Tempo
Claro que, com o ponto de vista atual, a carta ainda tinha tópicos problemáticos, como a discriminação de castas. Mas, considerando o momento histórico, já representava um avanço notável em relação ao respeito pela vida humana e à justiça social.
A elaboração foi possível graças à popularidade de Sundiata Keita e é considerada uma precursora dos instrumentos de direitos humanos que só viriam a se popularizar no mundo quase cinco séculos depois da Carta de Manden.
Transmissão Oral e Reconhecimento pela UNESCO
A Carta era transmitida oralmente e preservada pelos griots, os guardiões da história e da tradição africana. Em 2009, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da UNESCO, devido ao seu enorme valor histórico e simbólico.
