Nilo Peçanha: O primeiro Presidente negro do Brasil

Muitos não sabem, mas o Brasil já teve um presidente negro. Nesta história, vemos o racismo apresentado de duas formas. A primeira está no fato de que muitos brasileiros sequer sabem disso, até porque Nilo Peçanha foi retratado diversas vezes como um branco, através de retoques nas fotografias. O outro racismo está no fato de que o país já teve 38 presidentes e apenas um era negro.

Nilo Peçanha nasceu em 12 de outubro de 1867, em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro. Ele era descendente de uma família nobre do norte fluminense, com trajetórias políticas na parte materna da família. Apesar disso, viviam de forma humilde no Morro do Coco até se mudarem para a capital. Lá, Nilo concluiu o ensino secundário e, em seguida, viajou para São Paulo. Mais tarde, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife.

Trajetória política

Depois de formado, retornou a Campos, onde exerceu a advocacia e também o jornalismo. Ele era muito engajado na luta contra a escravidão e a favor do fim do período imperial, o que o aproximava das ideias do liberalismo e o fazia compreender os problemas econômicos e sociais históricos do Brasil. Apesar de sua popularidade política, a família de sua esposa, Anita, nunca o aceitou completamente devido ao racismo.

Durante a República, Nilo Peçanha foi eleito deputado da Assembleia Nacional Constituinte pelo Partido Republicano em 1890. Em seguida, teve dois mandatos como deputado federal pelo Rio de Janeiro, entre 1891 e 1903. Em 1903, ele foi eleito presidente do estado do Rio de Janeiro (equivalente ao cargo de governador). Seu governo foi muito elogiado, e por isso foi chamado para ser vice-presidente na chapa de Afonso Pena.

Atuação no Governo

Durante seu mandato como presidente do estado do Rio, Nilo focou principalmente na diversificação da agricultura, sem deixar de apoiar o café, e também incentivou a implementação de indústrias. Em 1906, foi responsável por criar as primeiras escolas técnicas no estado. Afonso Pena e Nilo venceram as eleições, mas Afonso Pena faleceu em 1909, restando pouco mais de um ano de mandato. Com isso, Nilo assumiu a presidência, governando por 17 meses com o lema ‘paz e amor’.

Durante seu governo, ele criou o Serviço de Proteção ao Índio e deu continuidade ao projeto de construção da malha ferroviária do país, com a construção de estradas de ferro no Nordeste, Sudeste e Sul. Também reformou os Correios e Telégrafos e criou as escolas de aprendizes artífices, que funcionavam como escolas técnicas para formação de mão de obra.

A História das Eleições no Brasil

Nilo era um presidente popular, frequentemente visto caminhando pelas praças da cidade, e é considerado por muitos biógrafos como o primeiro presidente de caráter popular do Brasil. Após seu mandato, afastou-se temporariamente da política e chegou a sair do Brasil. Ele só voltou em 1912, quando foi eleito senador pelo Rio de Janeiro. Dois anos depois, foi novamente eleito presidente do estado, mas encontrou dificuldades nesta disputa, precisando viajar por todo o estado realizando comícios e passeatas em diversos municípios.

Durante seu mandato, Nilo Peçanha enfrentou um estado mergulhado em dívidas e, por isso, elevou os impostos estaduais e suspendeu verbas para áreas como saúde e educação. Apesar das dificuldades, conseguiu concluir seu mandato em 1917. Em seguida, foi nomeado Ministro das Relações Exteriores.

Em 1922, Nilo lançou sua candidatura à presidência, mas foi derrotado por Artur Bernardes. Durante todo o período em que esteve na política, ele foi quase sempre retratado nos jornais como um homem branco. Nilo Peçanha faleceu em 1924.

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