Revolta da Vacina

Confira como foi a Revolta da Vacina, que ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904 no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Na ocasião, as pessoas se revoltaram contra as medidas de combate à varíola, implementadas pelo governo federal.

A varíola era uma doença infecciosa grave, considerada uma das mais cruéis da história, matando mais de 300 milhões de pessoas, mais do que a tuberculose, a gripe espanhola e as duas guerras mundiais combinadas. O vírus era transmitido pelas vias respiratórias e causava febre alta, dores e erupções pelo corpo. Sem tratamento eficaz, a sobrevivência dependia da gravidade da doença, com alguns tipos apresentando até 30% de letalidade.

Atuação de Oswaldo Cruz

No Rio de Janeiro, a erradicação da varíola se deu graças a Oswaldo Cruz, escolhido pelo presidente Rodrigues Alves como chefe da saúde pública do Brasil. Sua missão era acabar com as doenças que dominavam a cidade e afastavam investimentos estrangeiros. Contudo, as medidas tomadas causaram revolta na população, pois Oswaldo Cruz implementou a vacinação obrigatória. Uma lei permitia que agentes de saúde entrassem à força nas casas para vacinar as pessoas, mesmo contra a vontade.

Além disso, quem se recusasse a se vacinar era multado e não podia registrar filhos, matriculá-los em escolas públicas, ou realizar viagens e hospedagens. A população, mal informada, acusava o governo de ferir a liberdade individual, e havia muita desconfiança e teorias da conspiração, com medo de que a vacina fosse uma arma para exterminar a população.

Reforma urbana

A reforma urbana promovida por Rodrigues Alves incluía demolir moradias e afastar a população pobre do centro do Rio, alimentando ainda mais a insatisfação. Além disso, grupos opositores, incluindo militares e monarquistas, aproveitaram a situação para inflamar a população contra o governo. Isso resultou em mais de 3.000 pessoas nas ruas, depredação de prédios e confrontos com agentes de saúde.

O governo reagiu com força, decretando estado de sítio e suspendendo direitos constitucionais. O saldo foi de mais de 30 mortos, mais de 100 feridos e 460 pessoas deportadas. A obrigatoriedade da vacina foi revogada, mas a exigência de atestados de vacinação para empregos e escolas foi mantida.

Apesar dos conflitos, o resultado foi positivo. Em 1904, 3.500 pessoas morreram no Rio por doenças infecciosas. Dois anos depois, esse número caiu para apenas nove. Em um país sem muita informação, era compreensível o medo. No entanto, é preocupante que, 100 anos depois, grupos antivacina ainda se oponham a essa prática fundamental para a saúde pública.

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