A história da elite e Estado. Desde o nascimento da República, o Brasil tem dono. E não, não é o povo.
Quem manda de verdade são os mesmos grupos que sempre controlaram o poder: a elite econômica — empresários, banqueiros, grandes donos de terra e donos da mídia.
Eles não precisam estar no governo pra governar. O poder deles é estrutural: influencia o Congresso, financia campanhas, pauta o noticiário e define até o que a gente acredita ser “certo” ou “errado” na política.
E tem uma coisa que a história brasileira ensina muito bem: toda vez que um governo tenta mexer nos privilégios dessa elite — falar de reforma agrária, taxar grandes fortunas, aumentar salário, dar mais poder pro povo — a reação vem com força. E quase sempre, disfarçada de moralismo.
Elite no começo da República
Lá no começo da República, quem mandava eram os coronéis.
Política do café com leite, voto de cabresto, tudo pra manter o poder concentrado nas mãos dos grandes fazendeiros.
Quando surgiram ideias de modernização, industrialização ou direitos trabalhistas, a elite agiu pra preservar seu lugar.
Getúlio Vargas tentou equilibrar forças — criou leis trabalhistas, mexeu com os interesses dos mais ricos — e foi levado ao suicídio em meio à pressão de empresários, militares e uma campanha intensa de imprensa.
Anos depois, João Goulart propôs as “reformas de base”: reforma agrária, reforma urbana, taxar lucros das multinacionais.
Parecia o início de uma mudança profunda. Mas pra elite, era o fim do mundo.
O golpe militar de 1964 teve farda, mas também teve patrocínio de grandes empresários, fazendeiros e apoio da mídia. Tudo em nome de “defender a democracia”… contra o próprio povo.
Repetição na história do Brasil
E a história se repetiu. Com outros nomes, outras caras, mas a mesma lógica.
Quando o Brasil começou a reduzir desigualdades, investir em universidades, valorizar salário mínimo e tirar milhões da pobreza, o discurso da elite voltou com força.
Novamente palavra da vez? Corrupção.
De repente, jornais, juízes e comentaristas faziam o mesmo coro:
“o Estado é corrupto”,
“os políticos são ladrões”,
“é preciso limpar o Brasil”.
Mas curiosamente, os mesmos que falavam em moralidade eram empresários flagrados em escândalos bilionários, bancos lavando dinheiro e corporações desviando impostos.
A elite que corrompe o Estado passou a posar de vítima da corrupção.
E enquanto isso, a população, cansada e revoltada, era empurrada a acreditar que o problema do país era a política — e não o poder de quem sempre mandou nela.
O que todo esse grupo não te conta é que não existe corrupção de bem público para bem público. Toda corrupção envolve o privado. E na grande maioria dos casos com empresas privadas.
A jogada é simples e eficiente:
- Cria-se um pânico moral.
Tudo passa a girar em torno da “limpeza ética”, nunca da desigualdade ou dos privilégios. - E o resultado?
O governo popular cai.
O povo perde direitos.
E a elite retoma o controle.
É importante dizer:
corrupção existe — e precisa ser combatida.
Mas é preciso entender quem se beneficia de transformar esse tema em arma política.
Quando o discurso anticorrupção vem de quem financia campanhas, sonega bilhões e manipula decisões econômicas,
não é sobre moralidade.
É sobre poder.
Concentração de riqueza
A elite usa o moralismo pra esconder o verdadeiro escândalo:
um país em que 1% concentra quase 50% da riqueza,
em que a política é feita sob medida para proteger fortunas,
e em que a desigualdade é tratada como destino, não como escolha.
E algo que você deve refletir é: Se o problema do país é a corrupção de determinado grupo político, quando esse grupo político deixa o comando, era para sobrar mais dinheiro e ter melhoria para a população né?
Mas não é o que acontece. E não acontece porque apesar da corrupção ser um problema, o maior problema mesmo é que o Estado brasileiro é privatizado pela elite.
Ou seja, os mais ricos são mais isentos em impostos, recebem financiamentos, além de estruturas a troco de banana montadas com dinheiro público.
E enquanto o povo acredita que o problema está na política,
quem tem o dinheiro continua mandando. Então, da próxima vez que você ouvir alguém gritando contra a “corrupção do governo”,
pergunte:
Com o fim da corrupção, qual vai ser a principal bandeira? Combater a desigualdade ou manter privilégios de poucos?
