Ultimamente tem sido cada vez mais comum ver evangélicos engajados com a bandeira de Israel e fazendo defesas ao país. Isso gera algumas dúvidas para quem entende como funciona o Israel.
Afinal, o país permite o aborto e reconhece casamentos LGBTQIA+ celebrados no exterior, assim como também permite adoções e pensões da previdência social, por viuvez e direito à herança, para casais homossexuais. Pautas essas que são muito combatidas por representantes evangélicos no Congresso brasileiro.
Outra dúvida que gera e que talvez ocorra até um desconhecimento por parte dos cristãos brasileiros é sobre a religiosidade em Israel. Recentemente viralizou um vídeo em que um brasileira fala que Israel é cristão.
No entanto, segundo o Escritório Central de Estatísticas de Israel, somente 1,9% da população israelense é cristã. Grande maioria do país, portanto na verdade é da religião judaica.
Os motivos da ligação Igreja e Israel
Mas porque então está ligação dos evangélicos daqui com a Israel judaica?
A resposta claro que passa pelo posicionamento político, mas também de uma interpretação das Escrituras feitas por pastores. Essa interpretação, que para muitos teólogos é vista como equivocada, mistura a Israel bíblica com a Israel histórica mais recente.
Isso porque há a Israel bíblica, representando o povo escolhido por Deus, e essa da história moderna, com a formação do Estado de Israel em 1948.
O primeiro é associada ao povo Judeu, formado por Abraão e eleito como o povo de Deus. Já o segundo é uma nação reconhecida pela ONU, em uma decisão que seriam estabelecidos dois Estados: Israel e Palestina. Porém, o segundo nunca foi permitido sair do papel.
A mistura acontece porque novos cristãos, em maioria neopentecostais, substituem os textos do Novo Testamento, que contém o evangelho de Jesus Cristo, pela Torá judaica, o Antigo Testamento.
O judaísmo segue exatamente este Velho Testamento, com os ensinamentos iniciais, de criação do mundo e um comando divino de total devoção, além da obediência a um comando moral muito sério. No qual há a a possibilidade de uma punição muito forte a quem descumpre esses comandos morais. Um caminho que também foi adotado por algumas vertentes cristãs no Brasil.
O que difere um pouco do Cristianismo original, que apresenta um Deus que adotou um comando novo do amor, do respeito ao próximo e já não necessariamente a uma punição.
A mistura causa estranhamento principalmente porque os seguidores do judaísmo, em especial os residentes em Israel, recusam a existência de Cristo como Messias, seus ensinamentos e alguns até o consideram um falso profeta. Desta forma, quem o segue estaria desonrando a divindade.
E outra mistura de Israel bíblica e a Israel da história moderna, há a teoria do relógio do fim do Mundo. Nesta ideia, antes do fim do Mundo, Deus faria com que o seu povo voltasse para a Terra prometida e isso seria um sinal.
A criação do Estado de Israel, em 1948, foi entendida por esta corrente como um sinal e o fim do Mundo seria em Jerusalém, onde haveria o grande Armagedom.