Intolerância religiosa e o racismo andam juntos

Intolerância religiosa e racismo. Há quem tente separar, mas os dois andam juntos. Podem tentar justificar que uma pessoa também seria intolerante com um branco do Candomblé ou da Umbanda, por exemplo.

Só que isso, ainda assim, não invalidaria que se trata de racismo. Assim como também podem argumentar que existem negros evangélicos ou católicos que também são intolerantes a essas religiões de matriz africana, porém, isso também não invalidaria que se trata de racismo.

Isso porque o racismo presente no ato da intolerância religiosa não está ligado exatamente ao praticante em si e nem ao comportamento do intolerante, mas a toda a sua origem. Todos os pensamentos e comportamentos da sociedade estão ligados a um contexto histórico.

As religiões de matriz africana estão ligadas diretamente à população que foi escravizada no país. Estão ligadas à população que foi marginalizada por uma elite branca após a abolição.

Perseguição à origem africana

Por séculos, religiões de matriz africana foram proibidas, forçando o sincretismo religioso, no qual a população negra tinha que esconder seus símbolos por trás de imagens católicas. Toda essa religiosidade foi reprimida e discriminada desde a sua origem, e isso se manteve mesmo após a abolição.

Houve uma política de discriminação contra todos os aspectos da cultura negra. Foi assim com o samba, com a capoeira e também com a religião.

A forma de atacar essas práticas, quando não acontecia na forma da lei, acontecia na forma de vilanizar essas atividades. Com isso, criou-se uma ideia de que religiões de matriz africana eram algo do mal, perverso e cruel. Todas as opiniões negativas a respeito dessas religiões são desse período de perseguição de representantes do cristianismo e da elite brasileira contra os negros.

Por isso que, no Brasil, são aceitas, comumente, histórias de culturas não cristãs europeias, como a nórdica e a grega. O evangélico ou o católico assiste a filmes de Thor, Hércules, Loki e tantos outros, porém, é resistente e, em alguns casos, totalmente intolerante quando se apresenta algum personagem da mitologia iorubá, como Exu, Ogum e tantos outros.

Portanto, é preciso tratar os problemas com os nomes que eles carregam: a intolerância religiosa anda ao lado do racismo.

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