Greve Geral de 1917: O Levante dos trabalhadores

O começo do século XX foi marcado por muita tensão. Era ainda o começo da República, ao mesmo tempo que novas ideias de reivindicações trabalhistas chegavam ao Brasil. Isso tudo gerou a Greve Geral de 1917. 

Naquele período ocorria a Primeira Guerra Mundial, que causava estragos econômicos e sociais em diversos países europeus. Isso consequentemente tinha impacto em todo o Mundo. Ao mesmo tempo, socialistas e comunistas chegavam ao poder na Rússia. 

Aqui no Brasil, havia um aumento da produção, porém, devido a uma jornada de trabalho exaustiva. Só que o salário dos trabalhadores não acompanham esse ritmo e fazia o povo sofrer com os altos preços. 

Vale lembrar que estamos falando de um período que as jornadas de trabalho chegavam a 16 horas por dia nas primeiras fábricas do Brasil. 

Greve Geral em São Paulo

Porém, o país recebia cada vez mais imigrantes italianos e espanhóis, que traziam ideias anarquistas e socialistas. Os operários então passaram a se conscientizar da necessidade de organização e mobilização em busca de direitos trabalhistas. 

A Greve em São Paulo

Até que em junho de 1917 ocorreu uma paralização na Cotonifício Crespi, uma fábrica de tecidos de São Paulo e que contava com cerca de 1500 trabalhadores. Eles reivindicavam uma redução da jornada de trabalho e a proibição do trabalho infantil. 

Isso teve um efeito em cascata e outras fábricas como a Ypiranga Jafet, Matarazzo e Companhia Antarctica Paulista também tiveram paralisações. 

Em 9 de julho foi então criado o Comitê de Defesa Proletária, formado por líderes sindicais, anarquistas e socialistas. A resposta a isso foi uma forte repressão policial, que resultou na morte de 200 pessoas. 

Isso causou uma grande comoção e em 12 de julho, a greve se espalhou por São Paulo, com fábricas, comércios e transportes parados. As reivindicações também aumentaram, exigindo uma jornada de trabalho de 8 horas, aumento salarial, direito de sindicalização entre outros. 

Os operários também se recusaram a negociar diretamente com os patrões, exigindo uma negociação entre empresas, o governo e o Comitê de Defesa Proletária. 

A greve foi encerrada em 16 de julho, após vários empresários terem assinado alguns acordos. E foi também a semente para a organização dos sindicatos que abriram caminhos para as conquista dos direitos trabalhistas que seriam estabelecidos nos anos seguintes e consolidados na CLT. 

No entanto, como consequência negativa gerou a criação da lei de Expulsão de Estrangeiros, aprovada em 1921, que tinha como alvo justamente expulsar do país anarquistas e socialistas que lideram essa busca por direitos. 

Veja ainda sobre a luta pelo fim da escala 6×1 no debate atual.

Perguntas frequentes da Greve Geral de 1917

O que motivou a Greve Geral de 1917 no Brasil?

A Greve Geral de 1917 foi motivada por condições de trabalho extremamente precárias, como jornadas de até 16 horas diárias e baixos salários, que não acompanhavam o custo de vida. Além disso, a influência de ideais anarquistas e socialistas trazidos por imigrantes italianos e espanhóis incentivou a organização dos trabalhadores em busca de melhores condições.

Qual foi o papel do Comitê de Defesa Proletária durante a greve?

O Comitê de Defesa Proletária foi formado para organizar e liderar os trabalhadores durante a greve, articulando as reivindicações por uma jornada de trabalho de 8 horas, aumento salarial, direito de sindicalização e outras melhorias. O comitê também negociou com empresários e o governo para buscar um acordo que atendesse as demandas dos operários.

Quais foram as principais consequências da Greve Geral de 1917?

A greve teve como resultado imediato alguns acordos trabalhistas, mas também gerou repressão policial e a morte de manifestantes. Em longo prazo, ela impulsionou a criação de sindicatos e influenciou a consolidação dos direitos trabalhistas no Brasil, culminando mais tarde na criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Por outro lado, também resultou na Lei de Expulsão de Estrangeiros, que visava limitar a influência de imigrantes nas mobilizações operárias.