Confira como ocorreu o Golpe Militar em 1964 e os agentes envolvidos nisso. Esse golpe só não aconteceu antes devido ao suicídio de Getúlio Vargas.
O Brasil sempre teve instabilidade econômica, e a inflação era constante. Apesar disso, entre 1957 e 1962, o Brasil teve um crescimento médio de 6%. O que havia naquela época era um grande conflito político. De um lado, a esquerda queria reforma agrária; do outro, a direita, liderada por grandes fazendeiros, buscava manter seus privilégios.
Na eleição de 1962, João Goulart, que tinha apoio popular, dobrou o número de cadeiras de seu partido na Câmara, com 28%. No plebiscito de 1963, 80% dos brasileiros decidiram manter o presidencialismo. Isso mostrou que o povo estava com Goulart, enquanto a elite conservadora temia perder seus privilégios.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade é frequentemente mencionada, mas na verdade foi uma resposta a um movimento pró-Goulart, apoiado pela classe trabalhadora. A Marcha da Família era composta principalmente por pessoas de classe média alta e líderes religiosos, o que mostrou uma divisão no Brasil: os pobres apoiavam as transformações prometidas por Goulart, e os ricos temiam por seus interesses.
Atuação dos Estados Unidos
Essa tensão ocorreu em um contexto de Guerra Fria. Os Estados Unidos temiam que o Brasil aderisse ao comunismo. Como sempre, os EUA investiram em campanhas e financiaram políticos que seguiam seus interesses. O Instituto Brasileiro de Ação Democrática recebeu fundos para apoiar a oposição a Goulart.
Os EUA também mobilizaram sua marinha para garantir o sucesso dos opositores. Há registros de conversas entre Lyndon Johnson e John Kennedy sobre a necessidade de desestabilizar o governo de Goulart. Eles inclusive mencionaram que muitas pessoas precisariam ser presas, o que de fato aconteceu.
O golpe militar foi apoiado por grandes empresários, a imprensa e até o Congresso e o STF, que legalizaram a destituição de Goulart. No entanto, ambos pagaram caro, pois o Congresso foi fechado e o STF perdeu poder. Políticos e até mesmo apoiadores do golpe foram perseguidos e presos.
Os dados da Ditadura
Os defensores da ditadura argumentam que o regime militar trouxe infraestrutura e um suposto ‘milagre econômico’. De fato, houve investimentos em rodovias e usinas, mas o custo foi alto: o Brasil zerou os investimentos em ferrovias, tornando-se dependente de caminhões e elevando o custo dos produtos. Além disso, o ‘milagre econômico’ não se sustentou, e em 1981 o PIB caiu 4%.
Os militares congelaram salários e aumentaram a desigualdade. Quando a ditadura terminou, o Brasil tinha uma dívida pública de 54% do PIB. Além disso, a ditadura deixou um rastro de censura, perseguição, tortura e assassinatos. Foram 434 mortos e milhares torturados, incluindo engenheiros, médicos e artistas. Até crianças foram torturadas para forçar confissões.
Ditadura Militar e a violência no Brasil que vemos hoje
A ditadura militar também reprimiu movimentos culturais e negros, temendo uma identidade cultural negra como a dos Estados Unidos. Lideranças foram presas e torturadas, retardando a consciência negra no Brasil. Ainda assim, há pessoas que defendem a volta da ditadura.
Isso ocorre porque o Brasil não lida abertamente com seu passado sombrio. Diferentemente de países como a Argentina, que tem um Dia Nacional da Memória para relembrar as atrocidades do regime militar, o Brasil carece de memória histórica e ainda vê pessoas apoiando esse período.