O ‘Outro Lado da História’ traz a trajetória de uma personagem marcante para o Brasil: a educadora Nísia Floresta, que lutou pela educação das mulheres, pela abolição da escravidão e pela liberdade religiosa no início do século XIX.
Nísia Floresta Brasileira Augusta era o pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto, nascida em 12 de outubro de 1810, em Papari, Rio Grande do Norte, cidade que agora leva seu nome. A partir de 1830, já morando no Rio Grande do Sul, ela começou a dar aulas e a escrever. Aos 22 anos, publicou seu primeiro livro, ‘Direitos das Mulheres e Injustiças dos Homens’, onde defendia os direitos das mulheres à educação e ao trabalho, exigindo que elas fossem respeitadas pela sociedade.
Criação de escola
Em 1838, Nísia se mudou para o Rio de Janeiro e fundou uma escola para meninas. Até então, as poucas meninas que iam à escola só aprendiam a costurar, cuidar da casa e boas maneiras. Mas no Colégio Augusto, fundado por Nísia, as alunas passaram a aprender gramática, ciências naturais e sociais, matemática, música, dança, e até outras línguas. Isso gerou uma forte onda de críticas, pois, na época, muitos acreditavam que ensinar algo além dos afazeres domésticos era inaceitável.
Linha do tempo com conquistas de direitos das mulheres
Nísia foi alvo de muitos ataques, tanto pessoais quanto através de jornais. Por exemplo, o jornal Mercantil de 1847 publicou que ‘trabalhos de língua não faltariam, mas agulhas ficaram no escuro’. Esse tipo de comentário mostrava que muitos homens da época acreditavam que as mulheres deviam se preocupar apenas em cuidar da casa e dos filhos, sem pensar ou falar sobre outras questões.
O Colégio Augusto funcionou por 17 anos, até 1855. Além de sua atuação na luta pelos direitos das mulheres, Nísia também participou ativamente das campanhas abolicionistas e republicanas. Ela escreveu 15 livros, nos quais discutia a situação dos povos indígenas, questionava o sistema escravocrata, e falava sobre a vida das mulheres da época. Para muitos, Nísia Floresta foi a primeira feminista do Brasil. Sua luta pelo acesso das mulheres à educação abriu caminho para outras conquistas futuras.
Nísia morreu em 24 de abril de 1885, aos 74 anos, de pneumonia. Quase 63 anos depois, o município de Papari foi renomeado para Nísia Floresta em sua homenagem.