No Brasil, alguns nomes hoje já causam uma enorme polarização. É o caso de Marighella. De um lado, uma galera já ataca e xinga, sem sequer conhecer realmente o personagem. Enquanto o outro lado defende a irreverência, tudo estimulado por outras pessoas, às vezes por motivos políticos, outras apenas pela mídia. E aqui eu não estou para dizer que você tenha que ficar em cima do muro, não. Neste mundo, não dá para ser isento. Só que antes de cair para um lado, conheça a história de Marighella.
Carlos Marighella está no centro do debate porque foi feito um filme dirigido por Wagner Moura, um ator conhecido por ser de esquerda e crítico do bolsonarismo. Isso já é suficiente para muitas pessoas se dividirem entre os dois blocos. Só que, como eu disse, primeiro conheça a história de Marighella. E é agora. Mas antes, já se inscreve no canal e curte para não perder nada sobre a história do Brasil.
Quem Foi Carlos Marighella?
Carlos Marighella nasceu em 5 de dezembro de 1911, em Salvador. Portanto, estamos falando praticamente de outro Brasil, e ele viveu versões bem diferentes deste país. Ele era um dos sete filhos de Augusto Marighella e Maria Teresa. Augusto era italiano e simpatizante de ideias anarquistas. Já Maria Teresa era descendente de negros escravizados. Portanto, ele teve uma forte influência política e também da visão do que o Brasil de fato era. Marighella não era muito dedicado aos estudos, completando o ensino secundário com dificuldades, mas já ganhando destaque pela ótima escrita, chegando a responder uma prova de física com um poema.
O Início da Militância
Em 1931, Marighella entrou no curso de engenharia na Escola Politécnica da Bahia, mas ao mesmo tempo em que avançava no campo da educação, não deixava de lado a veia política. Em 1932, participou de uma ocupação na faculdade de medicina, junto de outras 500 pessoas, na maioria estudantes, contra Getúlio Vargas, que deu um golpe em 1930 e ainda não havia convocado novas eleições. Após ser preso, Marighella decidiu entrar de vez na política, filiando-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o que o impediu de continuar no curso de engenharia.
Em 1934, ele virou dirigente do PCB na Bahia. Durante o Estado Novo, participou da Intentona Comunista em 1935, foi preso e torturado em 1936 e, após ser solto em 1937, viveu na ilegalidade, já que Vargas havia intensificado a repressão política.
Deputado e Nova Fase de Luta
Com a queda de Vargas em 1945, o PCB voltou à legalidade, e Marighella foi eleito deputado federal constituinte pela Bahia. No Congresso, defendeu pautas como a reforma agrária, liberdade religiosa e o direito ao divórcio. Mas, em 1948, com o contexto da Guerra Fria, o PCB foi novamente banido, e Marighella perdeu seu mandato.
Ele continuou lutando junto à classe operária, participando de movimentos importantes como a greve dos cem mil em 1953 e a campanha “O petróleo é nosso”. Em 1964, após o golpe militar, entrou na clandestinidade e, em 1967, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN) após discordar da linha pacífica do PCB.
A Luta Armada e o Fim de Marighella
A partir da fundação da ALN, Marighella liderou ações de luta armada contra a ditadura militar, como assaltos a bancos e o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick. Em 1969, foi morto em uma emboscada organizada pela polícia. A versão oficial dizia que ele teria reagido, mas laudos médicos indicaram o contrário.
Marighella deixou como legado escritos políticos, como o Minimanual do Guerrilheiro Urbano, e foi retratado em músicas como “Mil Faces de Um Homem Leal”, dos Racionais MC’s, além do filme dirigido por Wagner Moura, onde foi interpretado por Seu Jorge.
Conheça Mais Sobre Marighella
Para entender mais sobre Marighella e sua luta, veja nosso artigo sobre A Ditadura no Brasil.
Além disso, explore o site da Comissão Nacional da Verdade para detalhes sobre a resistência à ditadura no Brasil e outros nomes que marcaram o período.