Em uma época em que mulheres brancas eram deixadas sem protagonismo, as mulheres negras eram vistas até com menos humanidade. Mas foi nesse contexto que Eugênia Anna dos Santos, conhecida como Mãe Aninha, foi fundamental para a sobrevivência do Candomblé.
Mãe Aninha foi crucial na luta de resistência do Candomblé no Brasil, fundando terreiros no Rio de Janeiro e em Salvador, mesmo em uma época em que a religião era alvo de forte repressão policial. A situação de Eugênia dos Santos foi além, pois ela teve uma participação importante no debate político que resultou no decreto que pôs fim à proibição dos cultos africanos em 1934. Mãe Aninha faleceu quatro anos depois.
Intolerância religiosa e o racismo andam juntos
Contudo, como mencionado anteriormente, a legalização da prática religiosa não foi suficiente para acabar com a intolerância. Da mesma forma, nem a Constituição de 1988, que garante a liberdade religiosa, conseguiu assegurar o respeito aos cultos de origem africana. Tanto é que, desde 2007, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, em 21 de janeiro, uma data escolhida em homenagem à Mãe Gilda de Ogum, que foi agredida e morta dentro de seu terreiro.
Faz quase 90 anos que Eugênia dos Santos lutou pela liberdade religiosa, e até hoje ela não é plenamente vista no Brasil.