No Brasil dos anos 1930, um movimento político de extrema-direita, inspirado no fascismo italiano, conquistou milhares de adeptos e provocou conflitos: o Integralismo.
Origens e Crescimento do Integralismo no Brasil
Liderado por Plínio Salgado, o movimento integralista uniu nacionalismo radical, autoritarismo e religiosidade para propor a criação de um “Estado Integral”. Tudo isso com o lema “Deus, Pátria e Família”.
Isso tudo acontece na década de 30, período entre Guerras e da transição da República Velha para a Era Vargas. Era também uma fase em que mais se discutiam mudanças. Na parte política, além do fim da República Velha, era um momento de organização política da classe operária com a fundação do Partido Comunista Brasileiro, e da criação do Centro Dom Vital, de orientação católica reacionária. Teve ainda a Revolução Tenentista com a rebelião no forte de Copacabana e que cobrava mudanças no país.
Este cenário levou a setores da sociedade mais conservadores a se organizarem e verem no autoritarismo e nacionalismo radical uma solução para enfrentar qualquer ideia socialista.
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O Surgimento do Integralismo e Seu Líder
E dentro deste contexto aparece o jornalista e escritor Plínio Salgado. Ele primeiro tenta uma renovação do Partido Republicano Paulista. Sem sucesso, rompe com o partido e viaja para a Europa. Lá, Plínio Salgado fica encantado com o regime fascista de Benito Mussolini e, inspirado nele, decide criar o movimento integralista.
O integralismo tinha como base o nacionalismo, anticomunismo e a radicalização da religião cristã conservadora. Com isso, a Ação Integralista Brasileira (AIB) era uma versão tupiniquim do regime totalitário de Mussolini.
O início no Brasil acontece através do Manifesto de Outubro, que apresentava as bases do partido. O Integralismo brasileiro ainda defendia um Estado unitário nos moldes do regime fascista, portanto, de partido único, autoritário e antiliberal. O documento trazia a expressão “Deus dirige o destino dos povos” e colocava a espiritualidade como eixo central de ação integralista, dando ao líder o status de chefe religioso. Seguindo o modelo italiano, o chefe teria poder centralizado e não poderia ser contestado. Gerava, portanto, um culto à Plínio Salgado.
Estrutura e Símbolos do Integralismo
Com isso, a Ação Integralista Brasileira (AIB) se tornou o primeiro partido fascista de massa do país, atingindo entre 160 mil membros. Antes já havia movimentos regionais como a Ação Social Brasileira e a Legião Cearense do Trabalho, mas nenhum que chegasse a essa proporção.
A organização da AIB era complexa e profundamente hierárquica. No topo, o chefe nacional, Plínio Salgado, concentrava plenos poderes e era visto como líder político e espiritual.
Abaixo dele, departamentos nacionais cuidavam de áreas como doutrina, propaganda e milícia. Essa última, conhecida como Forças Integralistas, funcionava como uma organização paramilitar que chegou a realizar treinamentos e desfiles, copiando o modelo dos camisas-negras italianos. Todos os jovens integralistas com idades de 16 a 42 anos eram obrigados a inscrever-se e passar por treinamento para jurarem completa submissão e fidelidade aos superiores hierárquicos e à causa integralista.
O movimento contava também com rituais e símbolos próprios, como a saudação com o braço estendido acompanhada do grito “Anauê!”, a camisa verde e o símbolo sigma (∑), que pretendia expressar a união integral da sociedade. Tudo cópias adaptadas dos regimes fascistas da Europa. Além de Plínio Salgado, o Integralismo também contava com o historiador Gustavo Barroso e o jurista Miguel Reale.
A Ação Integralista Brasileira defendia que o papel da mulher se limitava a papéis no lar. Já negros e indígenas eram vistos como parte da formação da “raça brasileira”, mas sempre sob a ótica de supremacia branca e da necessidade de “educação moral” para “civilizar” esses grupos.
Integralismo e Conflitos Políticos
A partir de 1933, o integralismo ganhou força em várias regiões do país, com desfiles imponentes e discursos inflamados. Não demorou muito para demonstrarem a face violenta. Os integrantes entraram em várias brigas contra grupos antifascistas.
Com a aproximação das eleições presidenciais de 1937, Plínio Salgado chegou a lançar sua candidatura, mas o golpe de Estado de Getúlio Vargas, que instaurou o Estado Novo, dissolveu todos os partidos políticos, incluindo a AIB.
A decisão fez com que preparassem uma ação armada contra o Governo, com tentativa de assalto a várias instituições, golpe e assassinato de Getúlio Vargas. Todas frustradas.
Plínio Salgado foi exilado em Portugal e proibido de retornar durante o período Vargas. Já o Integralismo foi proibido, mas não desapareceu e o lema “Deus, Pátria e Família” seguiu sendo utilizado por conservadores autoritários no Brasil.
Vídeo sobre o Integralismo
Destaques sobre o Integralismo
- O Integralismo foi inspirado no fascismo italiano e adaptado à realidade brasileira.
- Plínio Salgado foi o líder e fundador do movimento.
- O lema integralista era “Deus, Pátria e Família”, refletindo seu nacionalismo radical.
- A AIB chegou a ter mais de 160 mil membros e uma estrutura paramilitar.
- Mesmo proibido, o integralismo deixou marcas profundas e inspirações conservadoras no Brasil.
FAQ sobre o Integralismo no Brasil
1. Quem foi Plínio Salgado?
Plínio Salgado foi o líder e fundador do movimento integralista, inspirado no fascismo de Benito Mussolini.
2. O Integralismo tinha ligação com o fascismo europeu?
Sim, era diretamente inspirado no fascismo italiano e adaptou seus símbolos, hierarquia e ideologia ao Brasil.
3. Qual o legado do Integralismo hoje?
Embora tenha sido proibido, seu lema e ideias ainda são utilizadas por grupos conservadores autoritários no Brasil.