Você sabia que um dos episódios mais marcantes de resistência dos escravizados no Brasil aconteceu justamente num 13 de maio? Mas não em 1888, quando foi assinada a Lei Áurea. Foi 55 anos antes, em 13 de maio de 1833, na Província de Minas Gerais. Veja sobre a Revolta de Carrancas, a maior insurreição de escravizados da região Sudeste do Brasil.
Início da Revolta de Carrancas
Na tarde do dia 13 de maio de 1833, nas plantações da fazenda Campo Alegre, em Carrancas, Minas Gerais, um grupo de escravizados liderado por Ventura Mina deu início a uma rebelião.
Isso aconteceu em um contexto de Período Regencial, após a abdicação de D. Pedro I. Além disso, a Província de Minas Gerais passava por uma turbulência política, em meio à disputa entre liberais moderados e os caramurus, também conhecidos como restauradores.
A liderança de Ventura Mina
No meio deste conflito político, inicia-se uma revolta na Fazenda Campo Alegre, de posse de Gabriel Junqueira, filho de um deputado da corrente liberal.
Os relatos indicam que a Revolta de Carrancas começou pelo boato de que a escravidão havia sido abolida na capital da província. Os escravizados, então, liderados por Ventura Mina, atacaram a sede da fazenda e mataram membros da família Junqueira. Depois, foram para a Fazenda de Bela Cruz.
As fazendas e o avanço da rebelião
As fazendas de Campo Alegre e Bela Cruz, onde a Revolta de Carrancas aconteceu, eram porções de terras doadas pela Coroa a João Francisco Junqueira. A família Junqueira possuía a maior parte dos escravizados da região.
O grupo ainda tentaria chegar à fazenda Bom Jardim, mas nessa, o proprietário havia trancado os escravizados e se preparado para o ataque. No conflito, Ventura Mina foi assassinado, junto de outros quatro revoltosos.
Repressão e consequências
A Guarda Nacional foi mobilizada, perseguindo os escravizados nas matas e 17 foram capturados e condenados à morte. Desses, 16 foram enforcados em praça pública. Foi uma das maiores condenações à morte de escravizados da história do Brasil Império.
Por conta da Revolta de Carrancas e também da Revolta dos Malês, principalmente, o Governo aprovou a Lei Nefanda. Esta permitia julgamentos sumários e pena de morte para escravizados envolvidos em revoltas.