O Brasil é recheado de golpes na política. Até mesmo com documento forjado. Foi assim em 1937, quando Getúlio Vargas apresentou o Plano Cohen. História que você vai saber agora.
É preciso trazer todo o contexto político. Quando surge a República, os partidos que aparecem no Brasil não representavam exatamente nenhuma ideologia específica, tanto que os principais partidos eram chamados de Partido Republicano e completavam com o nome de cada região, como o Partido Republicano Fluminense, o Partido Republicano Mineiro e o Partido Republicano Paulista, com poucas exceções.
Neste contexto surge primeiramente o Comunista Brasileiro, mas em seguida aparecem, até com mais alcance popular, a Aliança Nacional Libertadora, que era uma frente com o objetivo de combater o fascismo e o imperialismo. Portanto, um partido à esquerda, e a Ação Integralista Brasileira, um grupo de extrema-direita com inspiração no fascismo italiano.
Vargas no poder
Em 1935, quando Getúlio havia conseguido se manter no poder de forma indireta, Luiz Carlos Prestes liderou o plano que ficou conhecido pejorativamente como Intentona Comunista, que foi um levante militar contra o governo. Vale destacar que o golpe de 1930, dado por militares e que levou Vargas ao poder, surge exatamente com a coluna Prestes, que foi um movimento político-militar que percorreu o Brasil contra o governo de Artur Bernardes e que tinha como objetivo acabar com a miséria no país.
Mas o fato é que ocorre o Levante de Natal, que chega a ter sucesso em um primeiro momento, diferentemente de Recife e do Rio de Janeiro, que foram mais rapidamente sufocadas. Trata-se de um movimento que surge em novembro de 1935 e é totalmente derrotado ainda em maio de 1936. Foi algo que jamais representou uma ameaça de fato ao governo Vargas, mas dava brecha para que fosse utilizado como desculpa no ano seguinte.
A Influência dos Militares na Política Brasileira
Em setembro de 1930, Getúlio Vargas havia conseguido dar um golpe e convencido o Parlamento em 1964 a seguir um caminho. Quando foi elaborada a Constituição, estava prestes a deixar o governo com eleições marcadas para janeiro de 1938, faltando pouco mais de três meses. As eleições envolveriam Armando de Salles Oliveira, da União Democrática Brasileira, Plínio Salgado, da Ação Integralista Brasileira, e José Américo de Almeida, um candidato do governo. Só que Getúlio Vargas definitivamente não queria deixar o poder.
O Plano militar
Então, em 30 de setembro de 1937, o chefe do estado maior do Brasil, General Góis Monteiro, anunciou no programa de rádio ‘Hora do Brasil’ que foi descoberto um plano com o objetivo de tirar Vargas do poder. O plano era batizado de Plano Cohen, que havia sido arquitetado pelo Partido Comunista Brasileiro junto de organizações comunistas internacionais.
Segundo o General, o plano trazia projetos para eliminar chefes militares, agitar operários e estudantes, liberar presos políticos, além de incendiar prédios, saquear e depredar. O documento ainda trazia planos de sequestrar ministros de estado, o presidente do STF, da Câmara e do Senado.
Logo no dia seguinte, após o pronunciamento do General, Vargas então solicitou ao Congresso a decretação do Estado de Guerra, o que dava mais poderes a Getúlio, seguindo a Constituição. No entanto, isso era pouco para Getúlio, que já conspirava com militares e outras lideranças pelo país.
E em 10 de novembro, determinou que o exército cercasse o Congresso Nacional. Além disso, estabeleceu uma nova Constituição, dando início ao que ficou conhecido como Estado Novo. Nesta nova carta, Getúlio tinha ainda mais poderes, como por exemplo suspender a imunidade parlamentar, autorizar a invasão de domicílios, a prisão e o exílio de opositores. Além disso, todos os partidos políticos também estavam eliminados, e Vargas então tinha carta branca para fazer o que quisesse com o Brasil.
O final da Ditadura Vargas
Mas, se todo Carnaval tem seu fim, todo golpe também tem. Vargas acabou entrando na guerra ao lado dos Estados Unidos, e com a vitória dos Aliados, ficava difícil manter um regime autoritário exatamente após os governos autoritários terem sido derrotados na Segunda Guerra Mundial. Isso se somou à pressão interna.
Apenas próximo ao fim do Estado Novo é que a farsa foi revelada. Foi só quando o barco começou a afundar que os ratos começaram a abandoná-lo, e foi o que fez o General Góis Monteiro. Ele assumiu que o documento foi forjado, sendo escrito pelo Capitão Olímpio Mourão Filho, que era chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira. Ou seja, um golpe costurado pela extrema direita para dar mais credibilidade à farsa, e foi batizado de Plano Cohen, uma referência comunista.