Neste episódio, você vai conhecer um pouco mais sobre Maria Felipa, uma heroína da Independência. A história do Brasil é marcada por alguns apagamentos de personagens negros e também das mulheres.
Quando se trata então de uma mulher negra do século XIX, a aparição nos livros se torna ainda mais rara. Esse é o caso de Maria Felipa, uma figura que, assim como muitos outros personagens negros, até hoje enfrenta questionamentos sobre sua existência real.
Trajetória de Maria Felipa
Maria Felipa era moradora da Vila de Itaparica e era uma escrava liberta, descendente de sudaneses. Ela era capoeirista e trabalhava como marisqueira. Seu nome deveria ter entrado para a história do Brasil por sua atuação na Independência.
Isso porque, embora a independência do Brasil seja popularmente representada pelo grito do Ipiranga, ela também ocorreu por meio de muitas batalhas, e um dos palcos desses intensos conflitos foi a Bahia, especialmente na Vila de Itaparica.
Maria Felipa na Independência
Maria Felipa se tornou voluntária na campanha pela Independência, destacando-se pela capacidade de reunir pessoas africanas, indígenas e até portugueses que fossem simpatizantes da separação. Ela era, inclusive, a líder de um grupo de mulheres vigilantes que espionavam a movimentação das caravelas portuguesas ao redor das ilhas. Elas eram responsáveis por armar trincheiras, passar informações e cuidar dos feridos.
A Vila de Itaparica era importante por ser um ponto estratégico, ficando no caminho da Foz do Rio Paraguaçu e da Baía de Todos os Santos, que abasteciam a cidade de Salvador. Dessa forma, ocupar Itaparica significava ter acesso a alimentos.
Maria Felipa foi além de apenas vigiar e passar informações, participando ativamente na Batalha de 7 de janeiro de 1823, junto com outras pessoas da região. Ela queimou inúmeras embarcações portuguesas.
História de Maria Quitéria, a Primeira Mulher Nas Forças Armadas
Há relatos de que Maria Felipa e outras mulheres teriam seduzido portugueses e depois os atacado com uma planta urticante, mas essa história é bastante contestada por ser uma narrativa sexista, que reduz o papel das mulheres a estratégias corporais.
Em outros relatos, ela e suas companheiras teriam usado tochas para atacar as tropas inimigas, queimando 42 embarcações que pretendiam atacar Salvador.
A grande questão é que não existem provas documentais de como de fato ocorreram essas batalhas, e muitas histórias sobreviveram apenas de boca em boca.
Maria Felipa morreu em 4 de julho de 1873, e, em 2018, foi declarada heroína da Pátria Brasileira, com seu nome inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.