Nise da Silveira, a médica que substituiu o eletrochoque pela arte nos hospitais psiquiátricos.
Nise da Silveira nasceu em Maceió,Alagoas. Aos 16 anos, entrou na Faculdade de Medicina da Bahia. Ela foi a única mulher a se formar em Medicina em uma turma de 157 pessoas em 1926.
No ano seguinte se mudou para o Rio de Janeiro. Ainda jovem, estagiou na clínica do médico neurologista Antônio Austregésilo e pôde se especializar em psiquiatria.
Ela chegou a passar em um concurso para cargo público no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental do Hospício Nacional de Alienados. No entanto, foi perseguida por participar de atividades do Partido Comunista Brasileiro e defender ideais do comunismo. Ela chegou a assinar o Manifesto dos Trabalhadores Intelectuais ao Povo Brasileiro. O documento defendia a luta dos trabalhadores contra a opressão e a miséria. Por conta de toda esta atuação, ela acabou presa em fevereiro de 1936, ao ser denunciada por um colega de trabalho por possuir livros de orientação marxista.
Nise ficou presa até agosto de 1937, quando escapou da prisão e foi para o interior da Bahia. Anos mais tarde acabaria absolvida.
Trabalho no Centro Psiquiátrico
Só que foi em 1944 que a trajetória de Nise da Silveira ganharia maior destaque. Com a Ditadura do estado Novo enfraquecida, ela passou a atuar no Centro Psiquiátrico Nacional de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro.
Nise era uma grande opositora às práticas tradicionais da psiquiatria por considerar invasivos e violentos. Portanto, se colocou contra a utilização de eletrochoque, lobotomia e outras práticas.
No lugar, ela propunha tratamentos mais humanizados. Entre os métodos alternativos estava o uso da arte. Com isso, incentivava os pacientes a se envolverem com pintura e modelagem para tratar a saúde mental. Ela também utilizou cães e gatos, com os pacientes tendo autonomia para cuidar dos animais.
Este trabalho foi pioneiro no Brasil e garantiu avanços significativos nos tratamentos oferecidos pela psiquiatria. Ainda fundou a Casa das Palmeiras em 1956. Uma clínica com objetivo de reabilitar ex-pacientes de instituições psiquiátricas, os encorajando ao contato social e com a arte. Ela se aposentou em 1975, aos 70 anos. No entanto, seguiu realizando estudos na área até a década de 90. Nise da Silveira faleceu em 30 de outubro de 1999.