O 7 de setembro é o Dia da Independência do Brasil. Na história clássica, Dom Pedro I deu o grito do Ipiranga e o Brasil se separou de Portugal. Aqui, já falei em muitos outros artigos sobre diversos pontos dessa independência que nem sempre são contados, como a guerra e os bastidores que culminaram nesse movimento. Agora, vou falar de outro tema que está totalmente ligado a esse assunto: a dívida externa brasileira.
Se quisermos escolher algumas palavras, podemos dizer que o Brasil já nasceu devendo. O 7 de setembro, apesar de todo o simbolismo, também significou uma dívida para o novo país. Estamos falando do nascimento da dívida externa brasileira. Para você entender melhor, dívida externa é aquela que precisa ser paga em moeda estrangeira, principalmente em dólar americano. Hoje é comum falarmos da dependência dos países ao recorrerem ao Banco Mundial e ao FMI, dos quais o Brasil foi um grande devedor por muito tempo.
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Origem da dívida
Lá atrás, a dívida foi com a Inglaterra. Isso porque, ao contrário do que muitos pensam, a independência do Brasil não começa e termina completamente no dia 7 de setembro de 1822. Depois do famoso grito do Ipiranga, ocorreu uma verdadeira luta pelo reconhecimento dessa separação.
Afinal, não basta um líder político dizer que se separou de um país. Isso, inclusive, já aconteceu em diversas regiões do próprio Brasil ao longo do tempo, como a República Farroupilha, por exemplo. É necessário que outros países, especialmente as grandes nações mais ricas, reconheçam essa separação.
Por quase três anos, o Brasil teve dificuldade em conseguir esse reconhecimento na Europa. Isso só ocorreu em 29 de agosto de 1825, com o Tratado de Paz e Aliança assinado entre Brasil e Portugal, no qual os lusitanos aceitaram a separação. Só que isso não foi feito de forma gratuita, porque, como dizem, “não existe almoço grátis” e, nesse caso, separação menos ainda.
O Brasil teve que assumir uma dívida de dois milhões de libras esterlinas com a Inglaterra. O mais bizarro disso é que o dinheiro sequer foi para Portugal, pois os lusitanos tinham essa dívida com a Inglaterra, e o Brasil apenas assumiu o papel de devedor dessa quantia.
Aumento da dívida externa
Daí em diante, foi só ladeira abaixo. A dívida externa foi se acumulando, chegando a 12 bilhões de dólares em 1964, e ultrapassando os 100 bilhões de dólares após a ditadura. Em 2008, o Banco Central anunciou que o Brasil deixava de ser devedor e passava a ser um país credor.
Isso não significa que o Brasil não tenha dívidas com outros países, mas sim que as reservas internacionais eram superiores a essas dívidas. Por outro lado, hoje ainda convivemos com outra vilã, que é a dívida pública interna.