O skate é um dos destaques das Olimpíadas, mas nem sempre foi bem visto por aqui. Neste episódio, vamos falar sobre como surgiu o esporte, sua chegada ao Brasil, as transformações ao longo dos anos e o impacto recente, especialmente com o feito de Rayssa Leal nas Olimpíadas. Saiba mais dessa história do Skate agora.
Origem do Skate
O skate surgiu nos Estados Unidos ainda na primeira metade do século 20, mas em muitas versões diferentes. Em uma delas, por exemplo, um garoto, ainda em 1918, desmontou os patins e fixou as rodas em uma madeira. No entanto, foi no final dos anos 1950 que o esporte realmente ganhou forma, originado como uma adaptação do surf. Naquela época, surfistas do litoral da Califórnia buscavam maneiras de imitar as manobras de surf quando não havia ondas. Com isso, montaram rodas e eixos em pranchas de madeira.
Em 1959, o primeiro skate foi comercializado, criado pela Roller Derby, e as vendas foram um sucesso, com milhões de unidades vendidas. No entanto, as rodas de ferro escorregavam muito e causavam acidentes, levando a sociedade norte-americana a iniciar campanhas para banir o esporte.
Skate no Brasil
Enquanto o skate enfrentava resistência nos Estados Unidos, ele chegava ao Brasil na década de 1960, inicialmente com uma forte cultura do ‘faça você mesmo’. Diversos locais foram utilizados, como rampas de madeira improvisadas e piscinas abandonadas. Na década de 1970, o skate experimentou sua primeira onda de crescimento no país, com várias empresas comercializando skates. Ele era especialmente praticado em locais como a ladeira da Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, ou na Pracinha do Skate, no bairro de Sumaré, em São Paulo.
Em 1976, foi construída a primeira pista de skate do Brasil e da América Latina, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, abrindo portas para muitas outras pistas pelo país. Nessa época, o skate começou a desenvolver uma identidade própria, associada à contracultura e ao estilo punk.
Nos anos 1980, o skate passou por uma queda no número de praticantes, mas voltou a crescer na segunda metade da década, com o surgimento de associações e participação em campeonatos mundiais. O esporte ganhou visibilidade em filmes, como ‘De Volta para o Futuro’, e começou a misturar estilos, integrando elementos da cultura urbana e do hip hop.
Proibição e volta do Skate
Apesar disso, o skate ainda era marginalizado, visto como uma prática jovem e associada a uma camada menos favorecida da sociedade. Em 1988, por exemplo, o prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, proibiu o skate na cidade, alegando barulho e baderna, decisão que gerou protestos e só foi revogada em 1989, quando Luiza Erundina assumiu a prefeitura.
Nos anos 1990, o skate começou a se profissionalizar, com mais pessoas se dedicando exclusivamente ao esporte. Surgiram competições importantes, como o X Games, criado pela ESPN, que popularizou ainda mais o skate e ajudou a desfazer a imagem negativa do esporte. Nesse período, também foi lançado o jogo ‘Tony Hawk’s Pro Skater’, que se tornou um grande sucesso e aproximou uma nova geração ao skate.
Popularização do esporte
No Brasil, Bob Burnquist se destacou como um dos grandes nomes do esporte, contribuindo para a sua popularização. Ao mesmo tempo, bandas como Charlie Brown Jr., CPM 22 e Marcelo D2 ajudaram a consolidar o skate como parte da cultura jovem no país.
Nos anos 2000, o skate continuou crescendo, com a realização do X Games no Rio de Janeiro e em São Paulo, e a criação do circuito brasileiro de skate. Segundo uma pesquisa do Datafolha de 2009, o Brasil tinha 3,8 milhões de praticantes.
Em 2021, o skate alcançou um marco histórico ao ser incluído nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e o Brasil começou bem, conquistando medalhas de prata no street masculino com Kelvin Hoefler e no street feminino com Rayssa Leal. Aos 13 anos, Rayssa se tornou a brasileira mais jovem a conquistar uma medalha olímpica, um feito que certamente atrairá cada vez mais pessoas para o skate, especialmente jovens meninas.