A História do Funk no Brasil

O funk é possivelmente o gênero musical que mais sofre críticas e exclusão no Brasil. Mesmo com o surgimento de nomes de sucesso, ainda há uma resistência ao gênero, e muito disso se deve à sua origem e ao seu principal público.

O funk brasileiro surgiu nos anos 70, pouco depois do funk nos Estados Unidos, que foi desenvolvido por músicos como James Brown, misturando jazz e estilos africanos e trazendo o orgulho negro como uma grande bandeira.

Esse tipo de música repercutiu principalmente no subúrbio carioca. Na época, já existiam marcas famosas como Soul Grand Prix e Furacão 2000, que organizavam bailes com a mesma ideia de orgulho e negritude. Esse movimento ficou conhecido como Black Rio.

O funk já teve que resistir desde o seu surgimento, pois chegou ao Brasil em plena ditadura militar. Os militares enxergavam o movimento como uma ameaça perigosa ao regime, e muitos donos de bares foram chamados para depor no DOPS. Acreditava-se que por trás do funk estariam grupos ligados à esquerda, levando ao enfraquecimento do movimento nos anos 70.

O crescimento do Funk

Nos anos 80, o funk retornou, adaptando-se aos estilos americanos de Miami Bass. Foi neste momento que o ritmo começou a ganhar espaço nas rádios, especialmente através da FM Tropical, que liderava a audiência no Grande Rio.

No entanto, foi na década de 90 que o funk brasileiro realmente se consolidou, passando a ser cantado em português, primeiro através de paródias de músicas internacionais e depois com letras originais, lideradas por figuras como o DJ Marlboro, que ajudou a nacionalizar o funk.

Nos anos 90, o funk começou a tratar de temas da periferia, como violência, paz e igualdade. Foi também nessa década que surgiram duplas como Claudinho e Buchecha, que mostraram um funk mais romântico. No entanto, essa mesma época trouxe nova repressão, com MCs sendo chamados para depor por letras que falavam de armas ou abordavam facções. Em 1995, uma CPI municipal foi criada para investigar a ligação do funk com o tráfico de drogas no Rio, mas nenhuma prova foi encontrada.

A origem do Samba

Tentativa de criminalização

O projeto de criminalização da cultura do funk não é exclusivo, sendo semelhante ao que o Estado já fez com o samba, a capoeira e as religiões africanas. No início dos anos 2000, o funk começou a ganhar espaço na mídia, com a emissora Band buscando o público jovem e programas de rádio dedicados ao gênero. Artistas como Tati Quebra Barraco conseguiram espaço na TV, e sua música entrou na trilha sonora de novelas.

Nos anos 2000, houve uma transformação, com o surgimento do funk ostentação, que falava de dinheiro, carros, festas e joias. No entanto, o funk tradicional ainda existe e é marginalizado pelo poder público, especialmente nas favelas. A prisão do DJ Rennan da Penha é um exemplo disso, pois ele foi acusado de associação ao tráfico apenas por organizar o baile da gaiola.

Apesar das críticas e da repressão, o funk segue conquistando espaço como uma voz importante das periferias brasileiras.

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