A história do Carnaval Carioca

Confira a história do Carnaval Carioca neste artigo. Veja como foram as transformações de acordo com a política e o desenvolvimento do evento.

O carnaval brasileiro teve um grande desenvolvimento na segunda metade do século 19, quando começaram a surgir diversos grupos carnavalescos e blocos. A primeira escola de samba, Deixa Falar, surgiu em 1928, seguida por outras, como a Mangueira, que passaram a competir na Praça Onze, no centro do Rio de Janeiro.

A Origem Do Carnaval

Escolas reconhecidas

Em 1965, as escolas de samba foram oficialmente reconhecidas e começaram a desfilar na Avenida Rio Branco, também no centro. O governo de Getúlio Vargas percebeu que o apoio ao carnaval podia servir como um canal de comunicação com as classes mais pobres, promovendo temas nacionais e até propaganda do governo.

Com o tempo, surgiram enredos que desafiavam esses limites. Um exemplo marcante foi o Salgueiro, que em 1960 trouxe o enredo ‘Quilombo dos Palmares’, contando a história de Zumbi e chocando por ser a primeira escola a ter integrantes vestidos de escravos. Em 1963, a escola homenageou Xica da Silva e, em 1966, o Império Serrano representou Iemanjá. Até então, temas de religiões de origem africana eram raros, pois essas religiões ainda eram muito marginalizadas.

No período da ditadura, o espaço para críticas sociais foi reduzido. Um exemplo é o Império Serrano, que em 1969 desfilou com o enredo ‘Heróis da Liberdade’, criticando o regime. No entanto, a escola foi censurada e teve que mudar termos como ‘revolução’ para ‘evolução’. Outras escolas que criticavam o regime, como a Vila Isabel, enfrentaram rebaixamentos. Por outro lado, escolas que homenagearam a ditadura, como a Beija-Flor, conquistaram títulos, mas sofreram com a antipatia do público.

História das Marchinhas de Carnaval

Sambódromo e democracia

Com a redemocratização e a construção do Sambódromo, os enredos com críticas sociais voltaram com força. Em 1984, a União da Ilha apresentou ‘A Voz do Povo É a Voz de Deus’, refletindo a nova fase política do país. Em 1988, completaram-se 100 anos da Abolição da Escravatura, e várias escolas fizeram homenagens ao povo negro, como a Vila Isabel, com ‘Kizomba, a Festa da Raça’, e a Mangueira, com ‘100 Anos de Liberdade, Realidade ou Ilusão?’, questionando se a abolição realmente trouxe liberdade.

Nos anos seguintes, a Beija-Flor começou a reconstruir sua imagem, com Joãosinho Trinta criando o famoso enredo ‘Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia’, de 1989, onde um Cristo vestido de morador de rua foi censurado pela Igreja. Mais recentemente, em 2018, a Paraíso do Tuiuti apresentou o enredo ‘Meu Deus, Meu Deus, Está Extinta a Escravidão?’, abordando a escravidão moderna no Brasil. A Mangueira continuou com críticas em 2019 e 2020.

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