As grandes construções do Brasil têm impacto na vida do país, algumas positivas, outras nem tanto. Neste episódio, você verá a história da construção da Ponte Rio-Niterói, uma das obras mais significativas do estado do Rio de Janeiro e também do Brasil. A Ponte Rio-Niterói é a maior ponte do país e uma das 20 maiores do mundo. Ela conecta duas importantes cidades, Rio de Janeiro e Niterói, ambas já foram capitais do estado.
Projeto da ponte
A ideia da construção de uma ponte ligando o Rio a Niterói é antiga, com projetos datando desde 1875. Nos anos 1920, a proposta ganhou destaque, mas só saiu do papel na década de 1960. Apesar de ser associada à ditadura militar, o projeto começou em 1963, antes do início do regime. Naquele ano, foi criado um grupo de trabalho para estudar a construção da ponte, e em 1965, já sob a ditadura, foi criada uma comissão executiva para desenvolver um projeto definitivo.
Os militares viam a ponte como uma peça fundamental para o Plano Nacional de Rodovias, conectando diversas estradas, como a BR-101, que liga o Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte. No entanto, o foco nas rodovias também levou à negligência da malha ferroviária, que hoje faz falta tanto para transporte de passageiros quanto de cargas.
As obras da Ponte Rio-Niterói
Em 1968, o projeto idealizado por Mário Andreazza, então Ministro dos Transportes, foi aprovado e assinado pelo presidente Costa e Silva. As obras começaram em janeiro de 1969. A estrutura foi fabricada na Inglaterra, e as partes foram trazidas por transporte marítimo. O consórcio Construtor Rio-Niterói venceu a licitação com um orçamento de 238 milhões de cruzeiros e prazo de 28 meses, com previsão de conclusão no primeiro semestre de 1971.
No entanto, em 1970, o consórcio já havia consumido 70% do orçamento e entregue apenas 20% do projeto. O presidente Médici decidiu retirar o projeto desse consórcio e entregá-lo a outro, formado por novas empresas. O custo da obra dobrou, chegando a 674 milhões de dólares, quase três vezes o valor original.
A construção enfrentou uma disputa entre a Marinha e a Aeronáutica sobre a altura do vão central, necessária para a passagem de navios e segurança de aeronaves. Após longas negociações, o vão central foi estabelecido em 72 metros. No total, foram usados 1.152 vigas, 43 mil cabos e 560 mil metros cúbicos de concreto. A obra foi concluída em 1974, com um atraso de quase três anos.
Problemas da construção
No entanto, a construção da ponte não foi isenta de problemas. Como ocorreu durante a ditadura militar, muitos incidentes foram ocultados, e reportagens negativas foram censuradas. Oficialmente, 33 pessoas morreram nas obras, mas pesquisadores apontam que o número real seria bem maior. Apenas em um acidente, ocorrido em março de 1970, 12 trabalhadores morreram, mas a reportagem do Jornal do Brasil sobre o caso foi censurada.
A construção da Ponte Rio-Niterói também é lembrada como um dos principais casos de corrupção da ditadura militar. Os custos muito maiores e as relações entre os militares e empreiteiras levantaram suspeitas, mas qualquer tentativa de investigação era proibida, e reportagens sobre o assunto eram censuradas.