Antonieta de Barros, a primeira negra na política

A educadora e jornalista Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a assumir um mandato político no Brasil e a primeira mulher a integrar a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Confira a trajetória desta importante personagem da história do país.

Biografia da Antonieta

Antonieta de Barros nasceu em 11 de julho de 1901, em Florianópolis, Santa Catarina. Ela vinha de uma família muito pobre e, ainda criança, perdeu o pai, sendo criada apenas pela mãe. Aos 17 anos, entrou na Escola Normal Catarinense, formando-se como professora de português e literatura em 1921, um dos poucos cursos que permitiam que mulheres circulassem no espaço público e fossem aceitas socialmente. No ano seguinte, fundou o curso particular Antonieta de Barros, focado na alfabetização da população carente.

Além do curso, Antonieta foi professora do Instituto de Educação de 1933 a 1951, acumulando também o cargo de diretora de 1944 a 1951, quando se aposentou. No entanto, além de sua atuação como professora, ela teve um papel relevante como jornalista e escritora.

Jornalismo e Escritora

Em 1922, Antonieta fundou o jornal A Semana, que dirigiu por cinco anos. No jornal, ela escrevia crônicas, frequentemente apresentando suas ideias ligadas à educação, à condição da mulher e ao preconceito racial. Em 1930, passou a dirigir a revista quinzenal Vida Ilhoa, com o mesmo propósito. Posteriormente, publicou suas reflexões em um livro intitulado Farrapos de Ideias, usando o pseudônimo Maria da Ilha.

A coragem de Antonieta para expressar suas ideias, em uma época em que as mulheres não tinham liberdade de expressão e eram invisibilizadas, fez com que ela ganhasse cada vez mais destaque, mesmo em um país que buscava ocultar mulheres e negros.

Trajetória Política

Decidida a fazer a diferença, Antonieta entrou para a política e fez história. Dois anos depois de as mulheres terem conquistado o direito de votar e serem votadas, Antonieta foi eleita deputada estadual em Santa Catarina pelo Partido Liberal Catarinense, tornando-se a primeira mulher negra a assumir um mandato político no Brasil. Ela atuou na Assembleia Legislativa até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.

Durante seu mandato, Antonieta lutou por uma educação pública de qualidade, defendeu pautas feministas e promoveu o debate racial no legislativo. Após o período ditatorial, ela voltou a se candidatar pelo Partido Social Democrático em 1947, sendo eleita novamente, mas desta vez como suplente.

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Contribuições

Antonieta continuou lutando pela valorização do magistério, exigindo concursos para a definição de cargos e critérios justos para a escolha de diretorias. Ela também defendeu a concessão de bolsas para alunos carentes cursarem o ensino superior.

Antonieta de Barros faleceu em março de 1952, aos 50 anos, em decorrência de complicações de diabetes. No entanto, ela deixou um legado importante na luta pelos direitos das mulheres, dos negros e por uma educação pública de qualidade.

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