Desigualdade no Brasil

Desigualdade no Brasil: Pobres tem só 1,81% de chances de chegar aos mais ricos

Um estudo divulgado pelo Atlas da Mobilidade Social Brasil revelou um retrato alarmante da desigualdade no Brasil. Os dados mostram que crianças nascidas em famílias de baixa renda enfrentam enormes dificuldades para ascender economicamente quando adultas — e a maioria permanece presa no ciclo da pobreza.

De acordo com o levantamento, apenas 1,81% dessas crianças conseguem chegar ao grupo dos 10% mais ricos na vida adulta. Mesmo para alcançar o grupo dos 25% mais ricos, a chance sobe pouco: 10,8%. O dado mais preocupante, porém, está no outro extremo: 66,59% dos brasileiros que nascem na metade mais pobre da população continuam pertencendo a esse grupo quando chegam à idade adulta.

Um Retrato Nacional: Mais da Metade Sem Avanço Significativo

Outro dado importante do levantamento mostra que 49,1% das crianças que nasceram na base da pirâmide conseguem ter um rendimento ao menos 10% maior que o dos pais. Ainda que esse avanço relativo exista, ele não significa, necessariamente, que essas pessoas tenham atingido um patamar de renda alto ou rompido o ciclo de pobreza.

O rendimento médio dessas pessoas, segundo o índice do Atlas, é de apenas 38,38% na escala de renda nacional — ou seja, ainda abaixo da metade da distribuição.

Confira abaixo os números que refletem a desigualdade no Brasil.

IndicadorValor
Probabilidade de chegar aos 10% mais ricos1,81%
Probabilidade de chegar aos 25% mais ricos10,8%
Probabilidade de permanecer nos 50% mais pobres66,59%
Probabilidade de permanecer nos 25% mais pobres38,73%
Probabilidade de permanecer nos 10% mais pobres17,02%
Probabilidade de ter rendimento 10% maior do que os pais49,1%
Probabilidade de concluir o ensino médio49,94%
Probabilidade de concluir o ensino superior1,94%
Probabilidade de ter recebido Bolsa Família (2015-2019)30,12%
Dados do Atlas de Mobilidade Social

Mobilidade Social das Mulheres no Brasil: Barreiras Aumentadas pela Desigualdade de Gênero

Um olhar específico para os dados do Atlas da Mobilidade Social Brasil sobre mulheres mostra um cenário ainda mais preocupante quando se fala em desigualdade no Brasil em relação as oportunidades. As estatísticas revelam que:

  • Apenas 0,99% das mulheres que nascem na metade mais pobre da população chegam ao grupo dos 10% mais ricos.
  • A probabilidade de alcançar os 25% mais ricos é de 5,67% — praticamente metade do índice geral para homens.
  • A persistência na pobreza é evidente: 82,69% permanecem entre os 50% mais pobres quando adultas.
  • Além disso, 27,76% das mulheres continuam nos 10% mais pobres — demonstrando como as barreiras de gênero impactam diretamente as chances de ascensão social.

Veja também: A luta das mulheres no Brasil

A Mobilidade Social de Pretos e Outros Grupos no Brasil: Desigualdades Raciais Profundas

Os dados do Atlas da Mobilidade Social Brasil para pessoas autodeclaradas pretas e de outros grupos raciais escancaram as dificuldades que esses brasileiros enfrentam para ascender socialmente. As estatísticas desta desigualdade no Brasil revelam:

  • Apenas 1,47% conseguem chegar ao grupo dos 10% mais ricos quando adultos, um índice inferior ao da população geral.
  • 9,01% atingem os 25% mais ricos — ainda um número muito baixo.
  • A desigualdade persiste no outro extremo: 71,77% permanecem entre os 50% mais pobres, enquanto 20,64% continuam nos 10% mais pobres.

Esses dados refletem como o racismo estrutural e a desigualdade de oportunidades têm impacto direto sobre a vida dessas populações. Ainda que 45,46% consigam ganhar 10% mais do que seus pais, apenas 1,65% completam o ensino superior.

Regiões do Brasil e a Mobilidade Social: Um Raio-X das Desigualdades

Um novo retrato do Atlas da Mobilidade Social Brasil escancara as desigualdades regionais quando o assunto é a capacidade de ascensão econômica no país. A pesquisa revela que nascer em uma região específica do Brasil faz toda a diferença nas chances de sair da pobreza e alcançar o topo da pirâmide de renda.

No Norte e no Nordeste, os índices são especialmente alarmantes. No Norte, por exemplo, apenas 1,33% das crianças que nasceram entre as famílias mais pobres conseguem, quando adultas, chegar ao grupo dos 10% mais ricos. No Nordeste, a probabilidade é de 1,35% — praticamente a mesma realidade de poucas oportunidades. Além disso, nessas regiões, mais de 76% das pessoas continuam presas na metade mais pobre da população quando chegam à vida adulta. É um ciclo de pobreza difícil de quebrar: no Norte, 78,33% permanecem na base, e no Nordeste, 76,43%. A conclusão do ensino superior, indicador crucial de mobilidade, é extremamente baixa: 1,43% no Norte e 1,82% no Nordeste.

No outro extremo, o Centro-Oeste e o Sul mostram cenários menos piores. O Centro-Oeste, que tem o maior índice nacional de mobilidade, registra 2,81% de probabilidade de alcançar o topo dos 10% mais ricos — o dobro do Norte e Nordeste. No Sul, esse índice é de 2,66%. Essas duas regiões também têm menor permanência na pobreza: 50% no Centro-Oeste e apenas 41,42% no Sul permanecem nos 50% mais pobres. Além disso, a conclusão do ensino superior, embora ainda baixa, chega a 2,74% no Centro-Oeste e 2,18% no Sul, superiores às regiões do Norte e Nordeste.

Já o Sudeste, região mais populosa do país, apresenta dados intermediários. A probabilidade de uma criança pobre alcançar os 10% mais ricos é de 2,32% — melhor do que Norte e Nordeste, mas abaixo do Centro-Oeste. Enquanto isso, 56,72% das pessoas continuam nos 50% mais pobres, um índice que revela que, apesar de sua economia mais desenvolvida, a região ainda enfrenta desafios para promover a mobilidade social. A taxa de conclusão do ensino superior no Sudeste é de 2,11%, semelhante à do Sul.

Esses números da desigualdade no Brasil são um retrato contundente de como as oportunidades de ascensão social no país ainda são distribuídas de forma profundamente desigual. O local onde se nasce pode determinar quase tudo: desde as chances de concluir o ensino médio e superior até a possibilidade de escapar do ciclo de pobreza que atinge gerações.

Veja a tabela com os números de cada região sobre a desigualdade no Brasil.

RegiãoProb. de chegar aos 10% mais ricosProb. de chegar aos 25% mais ricosProb. de permanecer nos 50% mais pobresProb. de permanecer nos 25% mais pobresProb. de permanecer nos 10% mais pobresProb. de concluir o ensino médioProb. de concluir o ensino superiorProb. de receber Bolsa Família (2015-2019)
Norte1,33%7,4%78,33%51,05%19,74%45,72%1,43%38,8%
Nordeste1,35%8,14%76,43%51,06%26,19%49,79%1,82%32,14%
Sudeste2,32%13,04%56,72%22,72%6,43%52,19%2,11%25,41%
Centro-Oeste2,81%16,58%50%20,97%4,04%52,07%2,74%28,72%
Sul2,66%18,1%41,42%16,28%3,56%48,36%2,18%23,84%
Dados do Atlas de Mobilidade Social
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