Investimento da China no Brasil

Brasil fecha acordos de R$ 27 bi com a China

Com foco em inovação, energia limpa e geração de empregos, acordos bilionários firmados durante visita do presidente Lula à China sinalizam nova fase nas relações bilaterais.

Em um movimento estratégico que reforça os laços entre Brasil e China, o governo brasileiro anunciou nesta segunda-feira (12) a captação de R$ 27 bilhões em investimentos chineses. O anúncio foi feito em Pequim, durante fórum empresarial que reuniu autoridades e empresários dos dois países. Os aportes abrangem setores-chave como automóveis, tecnologia, energia renovável, mineração e alimentos, apontando para uma diversificação no perfil da presença chinesa no Brasil.

A delegação brasileira, liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contou com 11 ministros, o presidente do Senado Davi Alcolumbre, parlamentares e cerca de 200 empresários. A visita oficial tem como objetivo ampliar o comércio bilateral e consolidar o Brasil como destino prioritário para o capital chinês.

Destaques dos investimentos anunciados

Entre os principais aportes confirmados, destacam-se:

  • GWM (Great Wall Motors): R$ 6 bilhões para expansão da produção de veículos no Brasil;
  • Keeta (Meituan): R$ 5 bilhões para lançamento de um novo aplicativo de entregas no país, com expectativa de gerar até 104 mil empregos diretos e indiretos;
  • CGN (China General Nuclear Power): R$ 3 bilhões para criação de um hub de energia eólica e solar no Piauí;
  • Envision: até R$ 5 bilhões na construção do primeiro parque industrial neutro em carbono da América Latina;
  • Mixue: R$ 3,2 bilhões para a instalação da rede de bebidas e sorvetes, com projeção de 25 mil empregos até 2030;
  • Baiyin Nonferrous: R$ 2,4 bilhões na aquisição da mina de cobre Serrote, em Alagoas.

Também há previsão de investimentos de empresas como Longsys, no setor de semicondutores, e de novos acordos nos segmentos de farmacêutica, cinema, varejo e café.

Relação Brasil-China entra em nova fase

O presidente Lula destacou que a China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil e um dos maiores investidores no país. “Estamos fortalecendo uma parceria estratégica que vai muito além do comércio de commodities. Esses novos investimentos mostram o interesse chinês em setores de alto valor agregado”, afirmou.

Nos últimos dez anos, a China saltou da 14ª para a 5ª posição no ranking de investimento direto no Brasil, com um estoque que supera US$ 54 bilhões. A ApexBrasil, agência responsável pela promoção de exportações, mapeou 400 oportunidades de ampliação de negócios com o país asiático, especialmente nas áreas de agronegócio, tecnologia e infraestrutura.

Educação e inovação no centro da estratégia

Durante seu discurso, Lula enfatizou que a competitividade brasileira em setores como veículos elétricos, baterias e inteligência artificial dependerá do investimento interno em educação e pesquisa. “Não podemos competir em tecnologia sem investir nas nossas bases. Precisamos usar os recursos das exportações para preparar o Brasil para a economia do futuro”, afirmou.

A delegação brasileira também discutiu parcerias tecnológicas com empresas chinesas nas áreas de satélites, telecomunicações e energia limpa. Órgãos como Dataprev e Telebras firmaram acordos com companhias chinesas com foco em inovação digital.

Reforço no comércio agro e menos burocracia

A agenda em Pequim incluiu ainda eventos específicos do agronegócio. O Ministério da Agricultura brasileiro busca concluir um acordo para facilitar o registro de produtos biotecnológicos no mercado chinês. Além disso, foi inaugurado um escritório permanente em Pequim para a promoção da exportação de carnes brasileiras.

Acordos bilaterais e diplomacia ativa

O ponto alto da visita será o encontro entre Lula e o presidente chinês Xi Jinping, marcado para esta terça-feira (13). A expectativa é que novas parcerias sejam firmadas em áreas como infraestrutura, cultura e conectividade aérea, além de avanços no intercâmbio turístico e educacional entre os países.

A visita ocorre em um contexto de reconfiguração global, onde a aproximação com a China pode abrir caminhos estratégicos para o Brasil frente às tensões comerciais entre Estados Unidos e o gigante asiático. Ao se posicionar como parceiro confiável, o Brasil fortalece sua presença no cenário internacional e diversifica sua base de apoio econômico.

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